Este ano foi incrível para as séries, a ponto de Os Anéis de Poder, a mais cara de todos os tempos, não ter feito o suficiente para entrar na lista das melhores de 2022. Não basta ter dinheiro, afinal. É preciso ter a sagacidade de uma produção como Ruptura ou a ousadia de não fugir de temas espinhosos da adolescência, tipo Euphoria.
De comédia a belas-artes na TV, passando por bastidores de um filme (real) e de uma sitcom (fictícia), o Diário de Séries apresenta as dez melhores séries de 2022. Confira e saiba onde assisti-las:
As dez melhores séries de 2022
A Casa do Dragão
O primeiro spin-off de Game of Thrones alcançou um feito que por si só merece reconhecimento: se descolou da série mãe. A Casa do Dragão teve vida própria e movimentou o mundo das séries durante dez semanas, envolvendo o público nas artimanhas da família Targaryen.
O drama fantasioso apresentou, com rara felicidade, uma intensa movimentação antes de uma guerra civil, evidenciando motivações de ambos os lados do conflito. Assim, a audiência foi provocada a se manifestar, dizendo qual bandeira (ou cor) irá defender no embate; o engajamento em todas as redes online foi exemplar.
Seguindo no assunto de séries filhotes, Better Call Saul conseguiu a proeza de, com razão ou não, ser rotulada como melhor do que a trama mãe; Breaking Bad, no caso. Embora haja exageros nessa comparação, a realidade é que a trama encabeçada por Bob Odenkirk chegou ao fim no mais alto nível possível.
O mais legal foi ver o crescimento da personagem de Rhea Seehorn, a advogada Kim Wexler, que representou o melhor da série. Ela terminou a jornada sendo a versão feminina do marido trambiqueiro Saul Goodman (Odenkirk).
A grande sacada da comédia Depois da Festa foi fazer uso da fórmula tão batida e eficaz dos mais populares dramas policiais. A série apresentou uma premissa simples. Ex-colegas de escola se reúnem em uma festa 15 anos depois da formatura. O clima de celebração muda após uma pessoa morrer durante o evento. Daí vem a pergunta: quem matou?
O público brinca de detetive seguindo os passos da policial Danner (Tiffany Haddish), que tenta solucionar o caso. O barato é que cada episódio traz um ponto de vista de um dos participantes da festa. Cabe ao telespectador, e à Danner, juntar as pistas e desvendar o crime.
A temida maldição da segunda temporada foi esmagada por Euphoria. O drama teen da HBO simplesmente acumulou recordes de audiência com uma leva catártica. Foram episódios memoráveis na sequência, como o da fuga de Rue (Zendaya) e o da peça teatral fenomenal armada por Lexi (Maude Apatow).
Mesmo brilhando novamente, arrebatando outro Emmy, Zendaya deu um passou para trás com Rue na narrativa. O elenco de apoio tomou conta da série e entregou uma temporada inesquecível.
Outra série que não perde o gás com o avançar das temporadas é My Brilliant Friend (Amiga Genial). A terceira leva foi digna da nota mais alta, se consolidando como uma das melhores atrações já feitas neste século. Desta vez, a narrativa italiana entrou nos anos 1970 e tratou de questões fundamentais sobre a vida em sociedade, abordando o papel da mulher dentro de casa, no trabalho e como figura política.
Essa temporada trouxe um retrato preciso (e essencial) do choque entre o discurso comunista e socialista acadêmico versus o que realmente acontece com os operários que sujam as mãos e pisam no chão de fábricas. É imperdível.
Abocanhando várias indicações na primeira rodada do circuito de premiações da temporada 2022-2023, a comédia O Urso se tornou uma das sensações do ano. Engraçada, muito bem roteirizada e com personagens fascinantes, a atração ambientada na cozinha de uma lanchonete bagunçada é um deleite, misturando histórias dramáticas com humor.
A série ultrapassou os limites da TV e virou ícone pop. O espectador ficou tão familiarizado com termos específicos desse ambiente de trabalho que passou a dizer por aí “sim, chef!” igual aos funcionários da cozinha.
O Apple TV+ acertou em cheio com Pachinko, adaptação difícil de um livro best-seller cuja história é delicada, acompanhando os passos de uma família coreana, mais precisamente uma personagem, durante quase cem anos, desde a ocupação japonesa no território da Coreia, na década de 1910, até o final do século 20.
Pachinko é tudo de bom, do elenco à fotografia. Até serve como um aprendizado sobre os impactos desse acontecimento histórico não tão conhecido e estudado no mundo ocidental.
A melhor comédia do ano tinha de estar nesta lista. Cocriada por Steven Levitan, o mesmo de Modern Family, Reboot é inteligente, sagaz e diverte desde a primeira piada, carregada por um elenco excepcional. Todo tipo de assunto, de relação familiar a choque de gerações, está na narrativa. As abordagens dos temas são sempre com muito bom humor.
A roteirista Hannah Korman, interpretada por Rachel Bloom, apresenta para a plataforma Hulu (a mesma que disponibiliza Reboot nos Estados Unidos) a ideia de resgatar uma sitcom famosa dos anos 2000, chamada de Step Right Up. O reboot, porém, teria uma pegada mais densa e menos jocosa. A comédia faz o bom uso do conceito da metalinguagem.
Esta ficção científica faz uma provocação que mexe com praticamente toda pessoa que já trabalhou em alguma empresa. O que você faria se pudesse separar a vida profissional da pessoal? Ou seja, bater o cartão e não levar os problemas de casa para a labuta, e vice-versa.
Ruptura fisgou a audiência por causa do experimento que afeta os personagens da narrativa. Porém, quem chega por causa disso se vê dentro de uma empresa sinistra que, com absoluta certeza, esconde muita coisa por trás dessa ruptura oferecida aos funcionários. Entram em cena muitos mistérios e suspenses.
É possível argumentar que qualquer pessoa fã de cinema tenha visto o filme O Poderoso Chefão (1972) ao menos uma vez. Logo, se você é uma dessas, não pode deixar de assistir The Offer, pois a série encena os bastidores caóticos da produção desse clássico absoluto do cinema.
A atração mostra o que realmente acontece nos bastidores de um filme dessa grandeza, desde a aprovação do roteiro até as complicações durante as gravações. De maneira inacreditável, The Offer foi completamente esnobada pelo Emmy deste ano. O Critics Choice ofereceu um alento e corrigiu isso, dando a The Offer três indicações, incluindo de melhor minissérie.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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