MERECE RENOVAÇÃO

Opinião: Tokyo Vice precisa ser protegida do facão da Warner

Baseado em fatos, drama da Max concluiu sua segunda temporada
DIVULGAÇÃO/MAX
Ansel Elgort na 2ª temporada de Tokyo Vice
Ansel Elgort na 2ª temporada de Tokyo Vice

Uma das melhores séries do ano (até agora), Tokyo Vice concluiu sua segunda temporada na última quinta-feira (4); está disponível completa na Max. Na ponta do lápis, o drama baseado em história real e ambientado no Japão está com os dias contados. Para não entrar na mira do facão do conglomerado Warner Bros. Discovery, que tem cancelado tudo que é tipo de produção visando apenas o lucro, o chefão da Max tem de jogar a carta da qualidade para justificar uma continuação.

Casey Bloys, presidente e CEO (diretor-executivo) da HBO e Max, já deixou claro que é adepto da prática de investir em séries mais populares, mesmo que destoe da grife do canal e do streaming, para que o lucro oriundo delas cubra atrações mais prestigiadas estilo belas-artes, como My Brilliant Friend, que não sobreviveria quatro temporadas por si só, pois arte não é sinônimo de ibope e engajamento.

Assim, procura-se o equilíbrio entre atrações de qualidade apurada e produções mais populares. Tokyo Vice tem de se encaixar nessa fórmula e ganhar uma sobrevida no streaming da Warner. Trata-se de um drama top de linha, em um patamar bastante acima de muitos que estão disponíveis na Max ou exibidos na HBO.

A série, que já vinha de uma boa primeira temporada, subiu de nível no segundo ano, expandindo a trama para além do protagonista, o jornalista americano Jake Adelstein, interpretado por Ansel Elgort (do filme A Culpa É das Estrelas). O detetive Hiroto Katagiri (Ken Watanabe) ganhou muito destaque, assim como os personagens que giram em torno de Jake.

Tokyo Vice tem de tudo, de traquinagens políticas a romances, passando por perrengues familiares. Isso envelopado por um Japão entrando no novo milênio (1999-2000), cenário muito bem explorado pela produção da série, seja em cenas à luz do dia ou noturnas. Indiscutivelmente, a fotografia é um dos pontos fortes da série.

O alicerce do enredo oferece a oportunidade de fazer múltiplas temporadas diferentes uma da outra. Afinal, ele segue os passos de Jake, repórter do maior jornal japonês. Repetindo a fórmula executada até aqui, cada temporada pode ter um grande tema para o jornalista investigar e se meter em aventuras arriscadas, sempre com a Yakuza (máfia japonesa) à espreita.

Como houve um mergulho a fundo nas trajetórias dos personagens satélites de Jake, Tokyo Vice não se tornou enfadonha, pelo contrário. Os episódios longos, com muitos passando dos 50 minutos, fogem do tédio porque tem sempre uma coisa interessante sendo retratada.

Um cancelamento de Tokyo Vice seria profundamente lamentável. O grupo Warner, dono da Max, tem condições de seguir bancando a série como ela é feita, gravada em solo japonês e custando uma dinheirama. Vale a pena mantê-la no ar para reforçar a integridade do selo de qualidade HBO/Max, que recentemente foi manchado por uma onda de atrações ruins e (devidamente) canceladas.

Conheça mais sobre a série no Diário de Séries: Única e imperdível, Tokyo Vice merecia tratamento vip na HBO

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