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Luta sindical e desigualdade de renda em A Idade Dourada reflete a atualidade

Drama de época da HBO apresenta trama similar à dos tempos modernos
DIVULGAÇÃO/HBO
Trabalhadores em cena da 2ª temporada de A Idade Dourada
Trabalhadores em cena da 2ª temporada de A Idade Dourada

A segunda temporada de A Idade Dourada, com episódios inéditos todo domingo na HBO e HBO Max, se passa na Nova York dos anos 1880. Uma das ramificações mais interessantes da trama, que encena situações de 140 anos atrás, é a luta de operários por melhores condições de trabalho, fora a exposição cristalina da desigualdade de renda entre os ricaços e os mais pobres. Ambos os cenários podem ser vistos na atualidade, provando que o mundo gira, mas pedras no caminho ainda causam ruídos na relação funcionário-patrão.

O ponto central dessa parte da narrativa de A Idade Dourada se dá com George Russell (Morgan Spector), magnata de ferrovias. Ele fica possesso ao saber que seus operários estão se unindo em busca de reduzir a jornada de trabalho e melhorar os ganhos.

Durante encontro com Mr. Henderson (Darren Goldstein), o líder sindical, ele ouve as reclamações. “São 12 horas [de trabalho] por dia e seis dias por semana em troca de ninharia”, dispara Henderson. “Na hora de ir embora, os trabalhadores estão exaustos, só comem e vão dormir”. George reage com arrogância, mas teme uma possível greve, o que lhe traria prejuízos.

Sonja Warfield, produtora-executiva da série de época, falou sobre esse assunto em entrevista ao site The Wrap. Ela aproveitou para fazer comparação com a greve dupla que paralisou Hollywood neste ano, argumentando que a trama de A Idade Dourada se equipara ao que vemos nos dias de hoje.

“É bastante oportuno”, afirmou Sonja. “Por mais que as coisas mudem, elas permanecem as mesmas. Estamos em um período em que existe uma enorme desigualdade de renda. As pessoas no topo ganham rios de dinheiro enquanto a classe média desaparece.”

“Então, temos essas pessoas nas extremidades da escala social e econômica”, continuou a produtora. “E isso acontecia no período retratado em A Idade Dourada. Esses barões desfilavam com suas carruagens pelo Central Park [famoso parque de Nova York] e os pobres imploravam por migalhas, pedindo a eles que jogassem algumas moedas.”

Sonja oferece uma ótima contextualização: “George está construindo ferrovias e fazendo todas essas coisas inovadoras. [Hoje] temos [o fundador da Amazon] Jeff Bezos e outros. Temos esta desigualdade de renda, e as pessoas não têm condições de sequer pagar aluguel.”

“Nós temos greves trabalhistas por causa disso. Naquela época, a ideia de paralisação surgiu porque o trabalhador não era valorizado nem tratado como ser humano.”

A Idade Dourada apresenta os dois lados da moeda. O telespectador vê o ponto de vista dos operários e balanceia com as defesas dos patrões. O drama da HBO faz o certo ao ressaltar as grandes diferenças desses extremos, pois o rico fica cada vez mais rico às custas do suor laboral de pessoas simples, enquanto quem realmente faz acontecer recebe “ninharia”, como classificou o líder sindical Mr. Henderson.


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