Nascido no Paquistão, Kumail Nanjiani aceitou a difícil missão de interpretar Somen “Steve” Banerjee no drama true crime Bem-Vindos ao Clube da Sedução (Star+). Imigrante indiano nos Estados Unidos, o personagem buscou a todo o custo viver o sonho americano como um empresário de sucesso. O ator de 44 anos foi preciso em uma das melhores atuações da carreira e da atual temporada de séries, merecedor de aplausos por protagonizar uma narrativa real e intensa.
Nanjiani conseguiu passar ao público todas as emoções extremadas vividas por Steve, em momentos alegres, depressivos, raivosos e maquiavélicos. Com o avanço da história, o espectador fica cada vez mais envolvido com o homem de negócios da noite. Não necessariamente torcendo por ele, contudo atraído por uma personalidade impiedosa e cruel, que sobrepõe o desejo pueril de apenas ter uma vida bem sucedida.
É inquietante vê-lo incansável sempre buscando mais, mais sucesso e dinheiro, mais fama e prestígio. Chega um ponto que a vontade é de soltar um grito e alertá-lo com um “sossega e aproveita a vida, desfrute o que conquistou!”. Steve não traça um limite até onde pode ir e cruza a linha da sanidade, cometendo atos terríveis em prol da sobrevivência. Sobrevivência na base do luxo.
A verdade é que Steve não queria apenas viver bem. Ostentar era a palavra-chave. Basta olhar a mansão onde morou, com um quadro enorme na parede expondo um retrato dele, ao lado da mulher, em pintura parecida com as expostas em lares monárquicos. Ao pedir um terno sob medida, ele exigiu que o alfaiate fizesse a manga do paletó mais curta do que o convencional. Ele não queria deixar o Rolex de ouro escondido atrás do tecido…
A montanha-russa de emoções vivenciada pelo protagonista de Bem-Vindos ao Clube da Sedução foi dominada por Kumail Nanjiani. Ele atingiu o objetivo de se perder no personagem, que tomou conta do artista. Isso tornou ainda mais prazerosa a experiência de acompanhar a minissérie, que já está disponível completa (oito episódios) no Star+.
A história real de Bem-Vindos ao Clube da Sedução
O que deixa tudo ainda mais interessante é que Bem-Vindos ao Clube da Sedução relata uma história real, um true crime pulsante. Durante os anos 1970 e 1980, Somen “Steve” Banerjee não mediu esforços para realizar o famigerado sonho americano, juntando quase 90% do salário de gerente de posto de gasolina, em Los Angeles, para abrir o próprio negócio.
Após fracassos retumbantes, acendeu a lâmpada de Professor Pardal acima da cabeça assim que colocou os pés em uma boate gay. Veio então a ideia de abrir uma casa de striptease com homens dançarinos e voltada para o público feminino, estabelecimento que não existia nos EUA naquela época.
Em 1979, o Chippendales abriu as portas. O sucesso foi imediato e estrondoso. Mulheres formavam longas filas para ver homens tirando a roupa. Acabou se tornando um ambiente no qual elas poderiam ser livres, vulgares e sujas, sem amarras ou julgamentos preconceituosos.
A narrativa dá uma guinada ao abordar atritos com parceiros, mortes e traição. Até o FBI (a polícia federal americana) entra em jogo para investigar Steve e companhia. Acrescente ainda nesse caldeirão prisão e julgamento. Clique aqui e conheça mais detalhes sobre a história real de Bem-Vindos ao Clube da Sedução.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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