HISTÓRIA INSOSSA

Crítica de Olhar Indiscreto: sexo ruim e sem sal é isca para trama capenga

Narrativa da minissérie brasileira se perde nas próprias reviravoltas e decepciona
REPRODUÇÃO/NETFLIX
Débora Nascimento na minissérie Olhar Indiscreto
Débora Nascimento na minissérie Olhar Indiscreto

A Netflix usou o voyeurismo e a promessa de cenas de sexo quente na campanha de marketing promovendo a minissérie brasileira Olhar Indiscreto, lançada no último domingo (1º). Com clima de trama policial, havia uma boa expectativa sobre o que viria pela frente. O resultado entregue, porém, é decepcionante. A trama com potencial é capenga, se perde em si própria. E percebe-se que o sexo (sem graça) serve apenas de isca para atrair o público.

Na base e até nos primeiros momentos de Olhar Indiscreto, a narrativa apresenta um vigor interessante, indicando um caminho que valeria a pena seguir. No centro da história está Miranda (Débora Nascimento), uma hacker que tem como passatempo espionar a vizinha Cléo (Emanuelle Araújo), uma prostituta de luxo.

Por causa do histórico familiar de Alzheimer, Miranda tem medo de perder a memória. Como forma de guardar momentos, ela usa o gravador do celular para armazenar o que está vivendo e sentindo. Dessa forma, Miranda também é a narradora da trama, recurso que colabora no melhor envolvimento do telespectador.

O ponto de ação de Olhar Indiscreto começa quando a hacker aceita fazer uma favor para a vizinha amiga, a colocando dentro do apartamento de Cléo. Lá, Miranda tem ao mesmo tempo o melhor sexo da vida, com o cliente da prostituta que ela mais gostava de observar (e ganhando em dólar por isso), como a pior participação em uma tragédia, quando acidentalmente mata um homem que tinha encontro marcado com Cléo; ele atacou a hacker, queria ter relações com ela.

A partir daí, a minissérie poderia adotar o rumo de intrigas envolventes, com os segredos que foram revelados após essa sequência de eventos, como o que Cléo fazia mesmo com alguns clientes, além de oferecer sexo por dinheiro.

Olhar Indiscreto se perde nas próprias reviravoltas que são despejadas sem coordenação, causando mais confusão do aguçando curiosidade. Passam a fazer parte da narrativa tráfico de mulheres, empresário ricaço suspeito de várias falcatruas, traições aos montes, investigação policial no meio de tudo, drama familiar com direito a teste de DNA…

As atuações bem abaixo da média, com só Débora Nascimento se destacando, colaboram para deixar Olhar Indiscreto manca. Tem momentos altos, com boas sacadas. Mas dois passos depois a trama sai dos trilhos.

Olhar indiscreto, sexo discreto

Chamou a atenção a tática usada pela Netflix para promover Olhar Indiscreto bem no dia do lançamento. As redes sociais da gigante do streaming espalharam um post indicando a minutagem exata das cenas de sexo da minissérie nacional. Segundo esse levantamento, são 19 cenas nos primeiros nove episódios.

Fica claro que o sexo é o carro-chefe da atração. Se ao menos o erotismo fosse bom… O aspecto voyeur, tão atrelado à campanha publicitária da minissérie, logo se dissipa. As coreografias das transas e o jogo da sedução são protocolares até, sem muita ousadia ou originalidade.

Quem morde essa isca de dar o play em Olhar Indiscreto pelas prometidas cenas quentes corre sério risco de se frustrar. Como a narrativa em si é tão ruim quanto o sexo, o encanto escorre pelo ralo com uma pontinha de tristeza pelo sabor insosso dessa experiência. Porque ao menos no papel, Olhar Indiscreto tinha tudo para ser melhor do que isso.


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