RETROSPECTIVA

As dez melhores séries de 2023

A pergunta do milhão: O Urso foi melhor do que Succession?
DIVULGAÇÃO/HULU
Ayo Edebiri e Jeremy Allen White na 2ª temporada de O Urso
Ayo Edebiri e Jeremy Allen White na 2ª temporada de O Urso

Em 2023, o mundo das séries viu Succession se despedir de forma gloriosa, ao mesmo tempo em que testemunhou O Urso firmando sua posição como uma das melhores comédias da TV na atualidade. O Brasil merece destaque por causa do ano especial, emplacando hit atrás de hit nas mais diversas plataformas. 

O Diário de Séries elencou as dez melhores séries de 2023, exibidas em território brasileiro de 1º de janeiro a 20 de dezembro. Confira:

Keri Russell na 1ª temporada de A Diplomata
Keri Russell na 1ª temporada de A Diplomata

A Diplomata (Netflix)
Sem pirotecnias, A Diplomata destoa de tantas criações feitas pela Netflix na linha de produção. Toda a estrutura narrativa se sustenta na base do diálogo. Não tem truques, efeitos… Nada disso. E as conversas entre os personagens caminham precisamente em uma trilha ideal, sem ser didática ao extremo e muito menos cifrada, com construções difíceis de entender.

O modus operandi da diplomacia é escancarado no drama. O protagonismo é de Keri Russell (The Americans), que interpreta Kate Wyler. Perita nesse universo, ela é jogada para o centro das atenções após um porta-aviões britânico ser alvo de um ataque no Oriente Médio, causando várias mortes e iniciando uma tensão bélica entre o Reino Unido, Estados Unidos e Irã; este o principal suspeito de orquestrar o tal ataque. Sua missão é resolver o impasse criado.

A Diplomata foi indicada ao Globo de Ouro e Critics Choice na categoria melhor drama; Keri Russell disputa a estatueta de melhor atriz de drama no Emmy (assim como no Globo de Ouro e no Critics Choice).

Jin Seon-kyu em cena do k-drama Barganha
Jin Seon-kyu em cena do k-drama Barganha

Barganha (Paramount+)
No rol das melhores do ano, Barganha é a que mais ousou, tendo como ponto de partida a questão da doação de órgãos na base do leilão. E colheu bons frutos por causa disso. Foi entregue um k-drama de tirar o fôlego, com episódios quase inteiros gravados sem cortes, uma aplicação cirúrgica do tão temido plano-sequência.

A série imperdível traz uma história absurda, violenta e aterrorizante, que expõe a podridão do capitalismo enquanto faz uma crítica social pertinente. É feita uma alegoria macabra sobre como a elite usa as pessoas mais desfavorecidas como presa, elas que são uma peça no tabuleiro ou nada mais do que um obstáculo no meio do caminho. Tratar disso usando como pano de fundo a mais crua natureza biológica humana é fascinante.

Barganha concorre ao Critics Choice de 2024 na categoria melhor série estrangeira.

Allan Souza Lima com Alice Carvalho em Cangaço Novo
Allan Souza Lima com Alice Carvalho em Cangaço Novo

Cangaço Novo (Prime Video)
Faroeste brasileiro, Cangaço Novo enalteceu o típico personagem anti-herói, um Robin Hood do sertão. Com cenas de ação espetaculares e produção de altíssimo nível, o drama nacional do streaming da Amazon conta a história de Ubaldo (Allan Souza Lima), infeliz bancário da zona urbana de São Paulo sem nenhuma lembrança de sua infância. Ele descobre que tem uma herança e duas irmãs no sertão cearense. O que seria uma viagem apenas para tomar posse do que teria direito se torna uma aventura de vida ou morte à margem da lei. 

Cangaço Novo mostrou para o mundo a Roliúde Nordestina, como a cidade de Cabaceiras (Paraíba) é conhecida, um dos locais de gravação da série. A produção soube usar a paisagem como personagem da história, retrato do sertão duro do Nordeste. A série caiu tanto no gosto do público que chegou-se a discutir se ela não pode ser considerada a melhor da história do audiovisual brasileiro.

Sam Claflin com Riley Keough em Daisy Jones & The Six
Sam Claflin com Riley Keough em Daisy Jones & The Six

Daisy Jones & The Six (Prime Video)
Há 10 anos nessa empreitada de produzir atrações originais, o Prime Video tem com Daisy Jones & The Six uma chance inédita. Pela primeira vez, o streaming da Amazon conta com uma produção forte para brigar pelo Emmy de melhor minissérie. A principal concorrência vem da Netflix, Treta e Dahmer: Um Canibal Americano; mas elas não são unânimes.

Baseada em best-seller homônimo, Daisy Jones & The Six tem uma produção impecável. Até pode não levar a cobiçada estatueta do Oscar da TV, mas sem dúvida é a melhor direção de arte entre as minisséries.

Roteiro e direção também estão coesos, entregando bem ao telespectador a proposta da trama, que é exibida como se fosse um documentário. A narrativa é sobre uma banda ficcional dos anos 1970 que alcançou o estrelato tão rápido quanto se desmanchou.

Natasha Lyonne em cena de Poker Face
Natasha Lyonne em cena de Poker Face

Poker Face (Universal+)
Infelizmente, a ótima série Poker Face estreou no Brasil em um streaming novato e restrito: Universal+. Uma das melhores séries do ano merecia melhor, uma plataforma de maior alcance para mais pessoas terem a oportunidade de acompanhar a ótima narrativa que oferece nova roupagem ao clássico drama policial liderado por um civil que resolve crimes.

Calcada na comédia, Poker Face apresenta Natasha Lyonne (Orange Is the New Black, Boneca Russa) na pele de Charlie Cale, mulher descolada dona de um dom imensurável: é capaz de perceber quando uma pessoa mente ou fala a verdade.

Em cada episódio, Charlie se depara com assassinatos misteriosos fora da caixinha. Quem comete o crime acha que se safou, mas a detectora de mentiras ambulante tem a habilidade de solucionar o caso usando os métodos mais fora do comum possíveis.

Adriana Esteves com Eduardo Sterblitch na série Os Outros
Adriana Esteves com Eduardo Sterblitch na série Os Outros

Os Outros (Globoplay)
A produção nacional do Globoplay pegou o público por questões que tocam o íntimo de cada um, além de dar novo significado ao famoso pensamento “o inferno são os outros”. Carregada por grande elenco, Os Outros traz na base algo universal: briga entre vizinhos. O diferencial é a proporção que o desentendimento toma, com surtos raivosos, perseguição, milícia, corrupção, armas, traições… e por aí vai.

Dos principais nomes do drama, três chamam a atenção: Adriana Esteves, na pele da dona de casa Cibele, mãe “helicóptero” que protege ao extremo, de forma quase doentia, o filho único adolescente; Milhem Cortaz como Wando, homem iracundo e ambíguo; e Eduardo Sterblitch, vivendo um ex-policial sinistro.

A segunda temporada está confirmada, com novos personagens e em um condomínio diferente.

Jeremy Allen White com Ayo Edebiri na 2ª temporada de O Urso
Jeremy Allen White com Ayo Edebiri na 2ª temporada de O Urso

O Urso (Star+)
A segunda temporada de O Urso conta com um dos melhores episódios de todos os tempos, justamente o que é ambientado na época do Natal, retratando uma ceia tensa e aconchegante.

A aclamada comédia dramática superou a maldição da segunda leva de episódios, conseguindo ser bem melhor do que a primeira -já considerada muito boa. Tudo na atração masterchef é excelente, não tem erro.

O trunfo de O Urso em seu retorno foi aumentar o alcance da narrativa sem perder o foco central. O público conheceu muito mais sobre a vida dos personagens, seja do protagonista Carmy (Jeremy Allen White) ou o coadjuvante Marcus (Lionel Boyce), sem esquecer da Sydney (Ayo Edebiri). A série avançou sua história com perícia, sem perder a direção ou pisar no freio.

Rebecca Ferguson em cena de Silo
Rebecca Ferguson em cena de Silo

Silo (Apple TV+)
A grande injustiçada do atual circuito de premiações hollywoodianas é Silo, completamente esnobada pelo Critics Choice e Globo de Ouro. O excelente drama de ficção científica da Apple tinha de estar presente em ambas premiações, merecimento conquistado por causa de uma narrativa de sobrevivência afiada e bem equilibrada entre roteiro e atuação.

Silo bateu recordes de audiência no Apple TV+. Baseada em coleção de livros homônima, a série conta a história das últimas dez mil pessoas na Terra que moram em um silo (fosso) subterrâneo que, supostamente, as protege do mundo mortal externo. Mas ninguém sabe quando ou por que o tal silo foi construído. Qualquer pessoa que tenta descobrir o motivo sofre consequências fatais. 

A trama é liderada por Juliette (Rebecca Ferguson), uma engenheira que busca respostas sobre o assassinato de alguém especial. No caminho, ela acaba virando xerife do local e enfrenta um mistério que vai muito além do que imaginava. Ela descobre que a realidade, assim como a mentira, pode matar.

Sarah Snook, Jeremy Strong e Kieran Culkin em Succession
Sarah Snook, Jeremy Strong e Kieran Culkin em Succession

Succession (HBO)
Mais uma vez a HBO crava o melhor drama do Emmy com folga e antecedência. Pela última temporada triunfal, Succession vai levar a terceira estatueta da categoria mais cobiçada do Oscar da TV. E com todos os méritos possíveis. Em qualquer método de análise, a série se sobressai em relação à concorrência.

Roteiro, direção, elenco… Succession tem de tudo do bom e do melhor. A leva de despedida ganhou um toque diferente do que fora apresentado até então, copiando a fórmula de 24 Horas com cada capítulo da temporada se passando durante um dia na vida da família Roy e companhia.

Rachel Brosnahan no final de The Marvelous Mrs. Maisel
Rachel Brosnahan no final de The Marvelous Mrs. Maisel

The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video)
Melhor série da história do Prime Video, The Marvelous Mrs. Maisel entregou uma temporada final espetacular, sendo um dos melhores finais de séries da história da TV. Tudo encabeçado pela maravilhosa Rachel Brosnahan, na pele de uma comediante de stand-up procurando seu lugar ao sol em plena Nova York dos anos 1950.

A atração preenche todos os requisitos: charmosa e politizada; premiadíssima e aclamada; tem elenco de primeira linha e produção impecável. Sem esquecer, claro, o fato de ser essencialmente engraçada e divertida.

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Annie Murphy (à esq.) com Salma Hayek Pinault em Black Mirror
Annie Murphy (à esq.) com Salma Hayek Pinault em Black Mirror

Bônus: episódio A Joan É Péssima (Black Mirror)
Não é bem uma série, mas o episódio de uma série… O divertido, educativo e delirante primeiro episódio da sexta temporada de Black Mirror, batizado de A Joan É Péssima, retratou o que a série bizarra da Netflix tem de melhor

Pegando algo bem próximo da realidade, o drama distópico contou uma história bastante relevante, muito bem desenvolvida e com ótimas atuações. Além de fazer paródia jocosa sobre a própria plataforma do tudum.

Você lê aqueles termos e condições antes de assinar ou entrar em qualquer aplicativo, site ou afins? A esmagadora maioria das pessoas sequer confere a tal regulamentação, clicando rapidamente na caixinha “li e aceito as condições” para seguir em frente sem demora.

Aliada à crítica sobre o uso da inteligência artificial, A Joan É Péssima brinca justamente com esse modo automático que colocamos em prática no mundo online. E se você, ao assinar um streaming, estiver concordando que uma série seja feita sobre a sua vida particular, revelando seus podres em prol do entretenimento?

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Fleur Geffrier na série Gotas Divinas
Fleur Geffrier na série Gotas Divinas

Menção honrosa: Gotas Divinas (Apple TV+)
Vale um lembrete sobre a série joia rara do ano. Com pura classe, elegância e requinte, o drama Gotas Divinas foi muito feliz na adaptação do cultuado mangá The Drops of God, cuja história aborda tudo o que cerca o mundo do vinho, da produção à degustação. 

Parceria Japão-França, Gotas Divinas é imperdível. Além de paisagens belas e apuro ao tratar da enologia, a série apresenta ótima trama sobre herança, família, busca de identidade e propósito de vida. No centro da narrativa está uma disputa totalmente inusitada por herança.

Tomar um vinhozinho faz bem à saúde e é hábito de muitos. Gotas Divinas vai além disso ao apresentar para o público as belezas e graça dos vinhos mais finos que existem na face da Terra. Sommeliers e consultores das mais diversas origens trabalharam na série com o intuito de fazê-la ser autêntica.


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