Crítica: com classe e elegância, Gotas Divinas é a série joia rara do ano

A série joia rara do ano (até agora) é Gotas Divinas, disponível completa no Apple TV+. Com pura classe, elegância e requinte, o drama foi muito feliz na adaptação do cultuado mangá The Drops of God, cuja história aborda tudo o que cerca o mundo do vinho, da produção à degustação. Parceria Japão-França, a produção é imperdível. Além de paisagens belas e apuro ao tratar da enologia, Gotas Divinas apresenta uma ótima trama sobre herança, família, busca de identidade e propósito de vida.

Lançada em abril, Gotas Divinas é composta de oito episódios. Foram cinco anos de desenvolvimento, almejando a melhor maneira de retratar as páginas do mangá. A opção não foi pelo caminho ctrl-c/ctrl-v, de encenar cada quadrinho literalmente. Embora a essência seja a mesma, muita coisa há de diferente entre as páginas de nanquim e o programa de TV.

Todo o enredo do mangá é desenrolado no Japão. Os protagonistas são dois personagens masculinos que embarcam em uma competição nada usual: o vencedor ganha como prêmio uma coleção vasta e rara de vinhos. Essa premissa dita os rumos da série, mas com uma protagonista feminina ao lado de um homem. E há ambientação no Japão e na França (passando pela Itália), com cenas gravadas em locações.

Conheça a trama de Gotas Divinas

Tomar um vinhozinho faz bem à saúde e é hábito de muitos. Gotas Divinas vai além disso ao apresentar para o público as belezas e graça dos vinhos mais finos que existem na face da Terra. Sommeliers e consultores das mais diversas origens trabalharam na série com o intuito de fazê-la ser autêntica.

O francês Alexandre Léger, criador do renomado Guia de Vinhos Léger e figura emblemática na enologia (ciência que trata de vinhos), morre em sua casa em Tóquio (Japão), aos 60 anos. Ele deixa uma filha, Camille (Fleur Geffrier), que vive em Paris, distante dele desde a separação dos pais quando ela tinha apenas nove anos. 

Quando Camille voa para Tóquio e o testamento de Léger é lido, ela descobre que seu pai deixou uma extraordinária coleção de vinhos, a maior  do mundo de acordo com especialistas. Mas para receber a herança, Camille deve competir com Issei Tomine (Tomohisa Yamashita), um brilhante e jovem enólogo. 

Tem-se então o duelo entre a filha biológica contra o “filho espiritual”, como o pupilo Tomine era tratado por Alexandre. Há três testes para desempatar a disputa, todos relacionados à degustação de vinhos. E são enigmas de alta complexidades. Um deles consiste em dizer qual vinho está relacionado a uma pintura.

Quem vencer tomará posse do império de Léger, e o perdedor sairá de mãos abanando. Mas como Camille poderia vencer um duelo desses? Ela não sabe nada sobre vinho, e pior: nunca bebeu uma única gota e passa mal ao ingerir a bebida alcoólica.

Desenvolvida pelo roteirista francês-vietnamita Quoc Dang Tran, o mesmo da série de horror Marianne (Netflix), a atração contou com uma construção de narrativa ideal. Ambos os protagonistas têm histórias pessoais apresentadas com precisão enquanto entram na arena desse duelo. Assim, fica fácil para o telespectador se envolver com eles e criar empatia.

Transitar entre o Japão e França não foi recurso somente para exibir belos cenários. Serve também como forma de explorar culturas tão distintas, com o vinho sendo o elo. Essa sacada da série foi bem executada, inserindo a cultura tradicional francesa acerca do vinho na história que, no mangá, se passa só no Japão.

Gotas Divinas tem um perigo, porém: é praticamente impossível ver a série e não querer degustar um bom vinho. Mas do jeito que fazem os personagens, buscando descobrir cada detalhe do sabor da bebida. A questão é que os vinhos que eles tomam são para poucos…

Veja o trailer, legendado, de Gotas Divinas:

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