HISTÓRIA DA TV

Análise: TV dos EUA era máquina de cancelar séries antes dos streamings

Em 2012-2013, 25 séries sumiram do mapa antes de completar uma temporada
DIVULGAÇÃO/NBC/FOX/ABC
Matthew Perry (à esq.), Dakota Johnson e Andre Braugher tiveram séries canceladas em 2012-2013
Matthew Perry (à esq.), Dakota Johnson e Andre Braugher tiveram séries canceladas em 2012-2013

Existe um mercado televisivo antes e depois da Netflix. Assim que a empresa de aluguel de DVDs resolveu entrar no ramo de produzir/adquirir séries e oferecê-las em sua plataforma, a partir de 2013, o jogo mudou. A fábrica de Hollywood passou a fazer muito mais séries do que antes, resultando em muitos projetos cancelados como consequência. Nesse cenário, a Netflix ganhou o papel de vilã, rotulada de máquina de cancelamentos. Contudo, as emissoras de sinal aberto dos Estados Unidos eram tão ou mais vorazes quanto no período pré-streaming.

As redes ABC, CBS, Fox, NBC e The CW são fontes de séries para o mercado internacional. De lá surgem atrações de todo tipo, de comédia a drama. Antes do streaming, o quinteto era líder no segmento de vendas. Para tanto, precisava produzir muito. Detalhe é que nem sempre dava certo.

Se a Netflix é uma máquina de cancelamentos, ela é do bem por causa de um ponto positivo: ao menos uma temporada completa é feita. No caso das redes americanas, no mundo pré-streaming, as séries eram simplesmente tiradas do ar, de forma abrupta, após a exibição de poucos episódios, por mais que tivessem outros tantos finalizados e prontos para entrar no ar.

A lógica para as emissoras dos EUA era: não deu audiência, tchau! Era melhor reprisar uma série antiga de sucesso no lugar de uma série nova capenga. 

Note, como exemplo, o que ocorreu na temporada 2012-2013, a última sem a presença integral da Netflix como produtora e vitrine de conteúdo. Em 12 meses, ABC, CBS, Fox, NBC e The CW cancelaram 25 séries, um volume altíssimo.

A partir de 2013-2014, as redes optaram por outra estratégia de cancelamento, não mais tirando do ar uma série no meio do caminho. Ao menos elas exibiam a primeira temporada então encomendada, girando em torno de 13 episódios, para ter o que oferecer ao mercado internacional de streamings. Essa estratégia funcionou e é praticada até hoje.

Veja curiosidades de algumas séries canceladas repentinamente na temporada 2012-2013 da TV aberta americana:

666 Park Avenue: atração da rede ABC saiu do ar após a exibição do sétimo episódio.

Partners: com Sophia Bush no elenco (que depois entrou em Chicago P.D.), a comédia foi cancelada antes do sétimo episódio. Foi retirada da programação para dá lugar às reprises de Two and a Half Men e The Big Bang Theory.

The Mob Doctor: cancelada após o oitavo episódio.

Vegas: o drama de época tinha um elenco de peso, com Dennis Quaid (Goliath), Michael Chiklis (The Shield) e Carrie-Anne Moss (Jessica Jones).

Emily Owens, M.D.: o elenco contou com nomes que vingaram em outras séries futuras, tipo Justin Hartley (This Is Us), Aja Naomi King (How to Get Away with Murder) e Kelly McCreary (Grey’s Anatomy).

Cult: cancelada e retirada do ar após o sétimo episódio.

Ben and Kate: anos antes de protagonizar a franquia Cinquenta Tons, Dakota Johnson tentou emplacar uma série de TV, então a primeira investida da carreira nesse meio. A sitcom da rede Fox flopou, sendo ejetada da grade de programação após 13 episódios (faltavam seis para fechar a primeira temporada).

Go On: pós-Friends, Matthew Perry penou para emplacar uma série minimamente bem-sucedida, entrando em um barco furado após o outro. Essa sitcom foi um dos projetos fracassados, contracenando com Tyler James Williams (Todo Mundo Odeia o Chris), outro que tinha a fama de pé-frio. Williams demorou para espantar essa zica, o que ocorreu uma década depois com a atuação elogiada e premiada em Abbott Elementary.

Family Tools: a rede ABC teve pouca paciência com essa sitcom. O cancelamento veio após apenas dois episódios serem exibidos (dez foram encomendados). A emissora da Disney usou essa série para tapar buraco da programação anos depois, resgatando os capítulos inéditos.

Animal Practice: a NBC imitou a concorrente e, sem muita tolerância, cancelou a série após três episódios irem ao ar. Aqui foi um experimento do que viria ser a norma mais para frente, pois os episódios não exibidos na TV aberta entraram no catálogo da plataforma Hulu, isso em novembro de 2012.

Last Resort: outra série com nomes conhecidos juntos em um projeto cancelado, mas que no futuro próximo iriam se dar bem: Andre Braugher (Brooklyn Nine-Nine) e Daniel Lissing (Quando Chama o Coração).

Zero Hour: mais uma atração cancelada precocemente, após três episódios. A rejeição foi tanta que a rede ABC jogou a série no lixo, sem considerar qualquer tipo de alternativa.

Save Me: cancelada após sete episódios; tinha Alexandra Breckenridge (This Is Us, Virgin River) no elenco.

Made in Jersey: cancelada após a exibição de dois episódios apenas.

Nem tudo foi desgraça na temporada 2012-2013 para as redes americanas. Teve séries lançadas nessa safra que chegaram longe, algumas até gerando spin-offs, tipo Arrow (matriz do Arrowverse) e Chicago Fire (que gerou P.D. e Med). 

Outras séries de destaque positivo dessa temporada: Mistresses, Nashville, Elementary, The Mindy Project e Hannibal.


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