A política severa de corte de gastos Warner Bros. Discovery atingiu um ponto crítico. Antes de chegar o final do ano, a empresa ordenou que séries importantes como Westworld e Love Life sejam retiradas da HBO Max. A estratégia tem como objetivo cortar despesas e turbinar um novo streaming gratuito, que deve ser lançado o quanto antes.
Sob gestão de David Zaslav, a nova Warner tem uma meta clara, dita pelo diretor-executivo (CEO) de forma explícita: economizar US$ 3,5 bilhões nos próximos três anos. Isso inclui cancelar séries, retirá-las do catálogo da HBO Max e demitir funcionários.
A razão por trás de um cancelamento é óbvia. Desistir de uma série que não traz lucro faz sentido. O que chama a atenção nessa onda de cortes no streaming da Warner é que muitas das atrações canceladas tiveram novos episódios encomendados. No caso de Minx, a vítima mais recente, a segunda temporada estava praticamente pronta.
Minx é um bom exemplo a ser analisado. Embora tenha recebido elogios da mídia e do público, a comédia não vingou como um chamariz de novos assinantes para a HBO Max. É uma atração original do streaming, mas produzida por terceiros (estúdio da Lionsgate).
Além de acabar com Minx, a equipe de Zaslav decidiu tirá-la da HBO Max. Tudo para não pagar compensação financeira ao elenco e integrantes da produção da série, direito contratual deles caso a atração permanecesse no streaming.
Zaslav vê isso como uma boa forma de enxugar os gastos. Tirar séries da HBO Max vale mais a pena do que mantê-la, pois gasta-se muito dinheiro com a segunda alternativa.
Outra razão dessa limpeza geral na plataforma é um projeto à vista no horizonte. A Warner Bros. Discovery planeja lançar em breve um streaming gratuito, como a Pluto TV (do grupo Paramount). Seria uma plataforma totalmente sustentada pela publicidade, não muito diferente do tradicional modelo da TV aberta. Quanto mais pessoas acessarem, melhor.
As videotecas da Warner e Discovery são imensas. O volume do catálogo desse novo streaming não seria problema. Contudo, pensando em atrativos mais atuais, a empresa pensa em colocar as séries recém-retiradas da HBO Max, que pertencem ao grupo, na plataforma a ser criada.
Esse seria o caso de Westworld, drama futurista símbolo da HBO nos últimos anos, premiado e detentor de recordes de audiência, mas que foi cancelado abruptamente após a quarta temporada, no mês passado. O mesmo serve para a também cancelada The Nerves, que ainda não chegou com a metade final da primeira temporada, então programada para ser lançada na HBO no ano que vem.
Vale pontuar que plataformas como a Pluto TV são bastante rentáveis. Somente em 2021, o streaming gratuito gerou US$ 1 bilhão de receita para a Paramount, valor um triz menor do que o arrecadado pelo streaming pago do conglomerado, o Paramount+. A projeção é que, em 2024, a Pluto TV registre cerca de 120 milhões de espectadores ativos por mês em todo o mundo (atualmente está na casa dos 70 milhões).
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br