ANÁLISE

Igual aos maiores hits da Netflix, O Agente Noturno é sucesso inesperado

Drama de ação repete trajetória de séries consagradas como Round 6 e Stranger Things
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Gabriel Basso na 1ª temporada de O Agente Noturno
Gabriel Basso na 1ª temporada de O Agente Noturno

Até o criador de O Agente Noturno ficou surpreso com o sucesso estrondoso e repentino da nova série da Netflix. Curiosamente, o drama de ação segue o roteiro da grande maioria dos hits mundiais lançados pela gigante do streaming nos últimos dez anos. Produções como Stranger Things, La Casa de Papel e Round 6 chegaram ao topo inesperadamente. 

Lançada há 14 dias, O Agente Noturno entrou na plataforma como mais um de tantos lançamentos da Netflix. Ninguém falou da série antes da estreia, o elenco não é ancorado por famosos… Mas a trama pegou o público, que no boca a boca repassou a recomendação. Assim, a série se tornou a terceira maior estreia da Netflix, atrás de Wandinha e Dahmer: Um Canibal Americano. E ganhou uma renovação a jato.

Com o desempenho que está apresentando dia após dia, é possível que O Agente Noturno se junte ao top 10 geral da Netflix, entrando no ranking das séries mais vistas dentro dos primeiros 28 dias (um mês) de disponibilidade.

Entre as atrações de língua inglesa, o topo é ocupado por Stranger Things (quarta temporada). Atual série símbolo da Netflix e peça icônica da cultura pop, o drama sobrenatural teen também entrou na plataforma sem alarde, em julho de 2016. Até tinha um nome de peso liderando o projeto, Winona Ryder, porém o marketing em cima da série foi próximo do zero

Não tem como apagar a história. A Netflix simplesmente não acreditava que Stranger Things seria um sucesso, nem mínimo. Isso é motivo de piada dentro do elenco. David Harbour, por exemplo, revelou que esperava muito pouco do drama, pois a plataforma simplesmente não divulgou nada antes da estreia. Não teve propaganda na TV, na internet… nem em painéis no metrô ou ônibus.

Imagens de Round 6 (à esq.), La Casa de Papel e Stranger Things
Imagens de Round 6 (à esq.), La Casa de Papel e Stranger Things

Round 6 e La Casa de Papel: fenômenos

No outro ranking, o das séries de língua não inglesa, a primeira colocação também é de uma produção que explodiu do nada. Round 6 estreou em setembro de 2021, mês cheio de atrações bancadas pelo marketing da Netflix. Dia 3 foi o lançamento do primeiro volume da parte cinco da já consolidada La Casa de Papel. Na semana seguinte, dia 10, entrou a aguardada sexta e última temporada de Lucifer.

No dia 17, a aposta segura da Netflix foi a terceira temporada de Sex Education, comédia britânica vencedora do Emmy Internacional e com base sólida de fãs. Naquela mesma sexta-feira, a gigante do streaming soltou os nove episódios da despretensiosa Round 6. E no meio disso tudo, de séries tarimbadas e populares, o k-drama violento explodiu e virou fenômeno mundial, impacto nunca antes visto no entretenimento.

La Casa de Papel foi outra série desacreditada. O drama espanhol chegou na Netflix cancelado; foi uma aquisição da empresa americana, comprando os direitos de exibição do canal Antena 3. Somente a primeira temporada tinha sido produzida; 15 episódios viraram 22, divididos em duas partes.

Sem nem mesmo destacar a série na lista de lançamentos do mês, dezembro de 2017, a Netflix estreou a parte um de La Casa de Papel na semana do Natal. Quando o ano seguinte começou, a trama estava nos braços do povo. E aqui no Brasil, durante o carnaval de 2018, foliões curtiram a festa fantasiados com roupas referentes à narrativa, dos macacões vermelhos à máscara de Salvador Dalí, concretização da popularidade da atração espanhola.

Entre as dez séries mais vistas da Netflix, de língua inglesa ou não, uma somente deu audiência esperada casando com o marketing e a expectativa: Bridgerton, cuja produção-executiva tem o dedo de Shonda Rhimes, a rainha do drama da TV, criadora de Grey’s Anatomy.

Wandinha chegou com uma boa previsão de audiência, mas o resultado foi muito além do esperado. O caso de Dahmer: Um Canibal Americano é interessante por ser o primeiro hit de Ryan Murphy, showrunner cobiçado em Hollywood, na Netflix. Isso após uma sequência inacreditável de fracassos.


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