MERCADO

Desaparecimento de séries é a nova moda em Hollywood (culpa da Warner)

Conglomerados de mídia apagam atrações, saída para cortar gastos
DIVULGAÇÃO/HBO
Evan Rachel Wood em cena de Westworld
Evan Rachel Wood em cena de Westworld

O poderoso conglomerado Warner Bros. Discovery, dono do streaming HBO Max e canal HBO, lançou uma moda perigosa em Hollywood. Priorizando o saldo verde no balanço financeiro, séries estão simplesmente desaparecendo, não somente canceladas. Isso para economizar mixaria, segundo argumentam os roteiristas. E a concorrência está copiando a cartilha da Warner.

Nesta semana, nos Estados Unidos, o grupo Paramount Global (canal Showtime, streaming Paramount+) se livrou de The L Word: Generation Q, não mais disponível nas plataformas do conglomerado da montanha. A razão disso é o corte de gastos. Nessa linha de fazer negócios, desde o ano passado, 35 programas (de séries a animações) sumiram da HBO Max.

Esse tema do desaparecimento de séries é uma das pautas fundamentais atualmente discutidas entre o sindicato dos roteiristas (WGA) e a entidade patronal que representa os estúdios e produtoras (AMPTP), conversas que visam evitar uma greve que paralisaria Hollywood.

Os roteiristas estão no centro dessa problemática. A forma de como recebem pelo conteúdo criado mudou na era dos streamings. E corrigir isso é prioridade.

Entenda o problema

Na era pré-streaming, cancelamentos eram tão comuns como atualmente. Os roteiristas sabem que se uma série entrar no ar e não render o esperado, comercialmente falando, vai ser terminada sem dó. Mas naquela época havia outras possibilidades de ganhar dinheiro mesmo com o cancelamento, seja por causa de reprises ou distribuição internacional.

A palavra-chave do debate é residual, que no mercado hollywoodiano significa o valor pago aos roteiristas depois que uma série é lançada, como se fosse um recebimento por direito autoral. Então, eles tinham a possibilidade de receber cheques durante toda a vida se a série na qual trabalharam fosse bem reprisada, tanto nos Estados Unidos como no restante do mundo. Sem contar as vendas de DVDs.

Com os streamings, isso mudou. O montante do residual diminuiu, não há comercialização para terceiros (tipo a HBO Max vender uma série cancelada para um canal exibir) nem DVDs. Ou seja, se o streaming da Warner não só cancelar uma série mas a retirar do catálogo, ela literalmente deixa de existir. 

Assim, o conglomerado poupa uns trocados não precisando pagar residuais para os roteiristas. Nesse caso, o desaparecimento de uma série é determinado pela empresa àquelas atrações que não são capazes de atrair novos assinantes. Lembrando: streamings ganham dinheiro com assinantes, não com audiência (não exibem propagandas).

Ophelia Lovibond em episódio de Minx
Ophelia Lovibond em episódio de Minx

Não se pensa em questões criativas nem no peso de determinada produção. A Warner se livrou desde Westworld, premiada com Emmys, a Gordita Chronicles, comédia nichada e elogiada. O caso de Westworld é emblemático, cancelada sem final adequado após quatro temporadas.

Produções que estavam em plena gravação de episódios inéditos, como Minx, também foram abruptamente canceladas e retiradas do serviço. Menos mal para a comédia que teve quem a resgatou: a salvação veio da Lionsgate, via canal Starz.

A saída pensada pela Warner é a criação de um streaming gratuito, com exibição de anúncios, no estilo da Pluto TV (grupo Paramount+), que é comprovadamente um sucesso de público. Westworld encontraria um lar ali.

Nas negociações entre roteiristas e estúdios/produtoras, a tensão é palpável. Esse tema do desaparecimento de séries está na pauta principal. Caso não se chegue a um meio termo, os criadores de conteúdo estão dispostos a cruzar os braços, opção já aprovada pelo sindicato.


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