MRS. DAVIS

Crítica: surreal e ácida, A Senhora Davis combate a inteligência artificial

Minissérie americana estreia nesta quinta (11), na Max
DIVULGAÇÃO/PEACOCK
Betty Gilpin na minissérie Senhora Davis
Betty Gilpin na minissérie Senhora Davis

Para o bem ou para o mal, a inteligência artificial está no centro da sociedade contemporânea. Muitas produções tratam desse tema com precisão cirúrgica, como Agentes do FBI (Star+). Mas nenhuma faz uma crítica tão perfeita e ácida quanto A Senhora Davis (Mrs. Davis), nova minissérie que estreia no streaming Max nesta quinta-feira (11).

Apostando no surrealismo, A Senhora Davis dá à inteligência artificial justamente essa dualidade yin-yang. Cada pessoa pode analisar a influência dos algoritmos como benéfica ou ruim. Para a personagem principal, a freira Simone, interpretada com maestria por Betty Gilpin (Glow), a tecnologia turbinada é péssima e merece ser destruída, embora muitos a adorem (no sentido de reverência).

A Senhora Davis foi uma das melhores séries lançadas na TV americana em 2023; chega ao Brasil com um ano de atraso. No mínimo, a ficção científica merece a atenção por ser uma produção original em sua essência, contando uma história refrescante, divertida, bem elaborada e fascinante. É um sopro de ar puro em meio a tantos lançamentos reciclados do cinema, adaptados de livros ou encenando histórias reais.

A criação é da dupla Tara Hernandez (The Big Bang Theory, Young Sheldon) e Damon Lindelof (Lost, The Leftovers). É até difícil estampar um único rótulo na minissérie, afinal tem características de drama, comédia, ficção científica, trama religiosa, aventura… Fato é que a mistura disso tudo resultou em uma ótima opção de entretenimento, melhor aproveitada por uma mente descompromissada e limpa.

Jake McDorman e Betty Gilpin em pôster de Senhora Davis
Jake McDorman e Betty Gilpin em pôster de Senhora Davis

Conheça a trama de Senhora Davis

No universo da série, uma inteligência artificial denominada de Senhora Davis domina a população mundial. Eis um artifício que sabe todas as coisas e interage com o povo por meio de um app de celular. É possível conversar com a IA usando um fone de ouvido. Ela é tão adorada que recebe nomes maternos e respeitosos ao redor do planeta: na Espanha é Mama; na Itália é Madonna (termo que representa pintura ou escultura de Nossa Senhora).

A veneração é tamanha que a tal Senhora Davis é chamada de ela, como se fosse uma pessoa. Já Simone se recusa a tratá-la assim, chamando-a de coisa. A freira tem essa repulsa pela Senhora Davis por acreditar que ela (ou melhor, a coisa) foi responsável pela morte de sua mãe. A perda foi o que motivou a então moça Elizabeth Abbott a virar freira e ganhar um novo nome de batismo.

A Senhora Davis defende que sua existência é totalmente boa e essencial para a vida dos humanos. Ela alega que a ausência de guerras e fome é por causa de sua presença no cotidiano. Plugada nas pessoas, tipo Matrix, a IA parece ser capaz de fazer tudo.

O método de comunicação da Senhora Davis e usando outras pessoas para falar por ela; mulheres são as escolhidas preferencialmente. A pessoa coloca o tal fone e ouve o que a IA tem a dizer, passando assim a mensagem adiante. É dessa forma que ela chega até Simone e propõe um acordo. 

É oferecida uma espécie de caça ao tesouro. Simone recebe a missão de encontrar o Cálice Sagrado (segundo a tradição cristã, a taça usada por Jesus na Última Ceia). Se for bem-sucedida, a Senhora Davis será destruída de uma vez por todas. Então, a religiosa parte em uma aventura para, quem sabe, livrar o mundo da influência maldita, ao seu ver, da inteligência artificial. 

A minissérie mostra, ao longo de seus oito episódios, quem pode estar com a razão. E isso reflete na vida em sociedade atual, no qual se debate com frequência sobre os pontos positivos e negativos da inteligência artificial. O que A Senhora Davis faz, com brilhantismo, é pegar o caminho do surrealismo para apimentar essa conversa. E levar-nos a pensar em porque acreditamos no que acreditamos.

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