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Crítica: Depois da Festa despenca e tem 2ª temporada amaldiçoada

Comédia do Apple TV+ termina leva vacilante na quarta-feira (6)
DIVULGAÇÃO/APPLE TV+
Sam Richardson com Zoë Chao na 2ª temporada de Depois da Festa
Sam Richardson com Zoë Chao na 2ª temporada de Depois da Festa

Uma das melhores séries de 2022, Depois da Festa foi vítima da maldição da segunda temporada. A qualidade da comédia despencou na leva que termina na quarta-feira (6), no Apple TV+. Sem os elementos da surpresa e novidade, fatores de destaque da primeira temporada, a atração perdeu a graça, ficou chata e sem sentido. Só uma característica permaneceu boa.

A premissa da série é a investigação de mortes após uma festa. A primeira leva abordou uma reunião de ex-alunos do “terceirão”, 15 anos depois da formatura. Já a segunda tem como tema um casamento

Quem liga diretamente as duas narrativas é a personagem Danner, detetive interpretada por Tiffany Haddish. A perda de rumo da segunda temporada começa aqui, porque ela aparece não mais como integrante da polícia: virou autora e detetive particular. Logo, por qual razão lógica os suspeitos da morte ocorrida na festa de casamento deveriam falar com ela?

Isso não cola. Os personagens, por algum motivo, a tratam como se ela ainda fosse da polícia, que por sua vez só chega na cena do crime de fato no final do penúltimo episódio.

A dinâmica de um crime sendo desvendado aos poucos, colocando o telespectador na pele de detetive para detectar quem é o assassino da vez, é legal. Contudo, para funcionar uma segunda vez é preciso tirar da cartola situações realmente novas e surpreendentes. O que não acontece com Depois da Festa na segunda temporada. Tudo é bastante manjado.

Os novos personagens também não ajudam. Além de Danner, retornam o casal Aniq (Sam Richardson) e Zoë (Zoë Chao). A tal festa de casamento é de Grace (Poppy Liu), irmã de Zoë; a recém-casada é a principal suspeita da morte do marido, o bilionário Edgar (Zach Woods). Nenhum dos personagens adicionados são cativantes, ainda mais se for feita a (inevitável) comparação com os da primeira temporada.

O ponto forte de Depois da Festa, o que faz o telespectador seguir com a trama apesar dos pesares, é a estrutura narrativa. A cada episódio, um suspeito é entrevistado, e seu depoimento sempre é contado de maneira única. A série faz o uso dos mais diversos gêneros nessa tática, demandando criatividade e cuidado na produção.

A segunda temporada teve de tudo: romance de época à la Bridgerton, trama policial estilo noir, história como se fosse filme de assalto, suspense erótico… até episódio estilo novela bem melodramática. Esse aspecto é o que sustenta a comédia, pois existe a curiosidade sobre qual será o tema do próximo episódio.

O hype acerca da segunda temporada de Depois da Festa diminuiu na mesma proporção da qualidade, provando que a maldição da segunda temporada é real, afetando séries que tiveram uma estreia acima da média (caso recente de Yellowjackets, por exemplo). Tem aquelas que seguem em frente, mornas, ou as raras que se superam, vide O Urso

Depois da Festa merece uma sobrevida? Sim, porque a base da trama é capaz de render mais. Entretanto, para voltar com uma terceira temporada robusta, é preciso pensar em algo fora da caixinha, com combinação de bons personagens e elenco, para não ficar girando em círculos. Caso contrário, será perda de tempo.


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