O ano de 2022 foi o pior da história da Netflix, no quesito saúde financeira. A fuga em massa de assinantes no primeiro semestre fez o valor de mercado da empresa despencar, terremoto que gerou atitudes drásticas, como cortar gastos na raiz. Contudo, ao contrário da percepção superficial, a gigante do streaming não é essa máquina toda de moer séries. Nos últimos 12 meses, ela renovou mais atrações do que cancelou, aponta levantamento do Diário de Séries.
De janeiro até agora, a Netflix renovou 28 séries e emplacou sucessos internacionais históricos, como Wandinha, Stranger Things e Dahmer: Um Canibal Americano. No outro lado da balança, no mesmo período, estão 21 séries canceladas ou que receberam aviso de última temporada, além de fracassos como Blockbuster e outras.
Aqui vale uma análise equilibrada, sem depender do ponto de vista dos extremos, principalmente só vendo pelo lado menos favorecido. Como todo cancelamento de série machuca os fãs, e por ter ocorrido vários de fato, mais de uma atração por mês, a revolta vem à tona e até teorias da conspiração são formadas, como se a Netflix tivesse algo contra algum tipo específico de público ou conteúdo.
Em outras circunstâncias, o volume de cancelamentos poderia ser menor, caso o boletim das finanças fosse mais favorável. Seria um cenário no qual as atrações líderes poderiam bancar aquelas de menor sucesso, com o lucro de uma suprindo o prejuízo da outra.
Mas não é o caso. Comercialmente falando, a Netflix gostaria de continuar gravações de séries tipo Warrior Nun, com base sólida de fãs. Porém, a conta na ponta do lápis tem que fechar. É preciso que a produção seja minimamente rentável. A audiência em si só vai sobrepor o custo nessa equação quando o recém-lançado plano com anúncios tiver um alcance relevante.
Fracassos e hits da Netflix
De todos os 21 cancelamentos ou términos anunciados em 2022, pouco são questionados. Não tem como, nem Netflix nem HBO, só lançar sucessos. Há o risco de apostar em uma grande série que no papel está maravilhosa, porém peca ao chegar na tela. Resident Evil é o maior exemplo disso.
Teve séries fofas e interessantes que foram canceladas, como O Clube das Babás e Arquivo 81? Sim. Por outro lado, a Netflix se livrou de muitas bombas, do naipe de Space Force e Pretty Smart. E três produções brasileiras estão na conta: Maldivas, Nada Suspeitos e Só Se For Por Amor.
No meio disso tudo, a gigante do streaming emplacou hit após hit. A lista é grande, contando com Bridgerton, Inventando Anna, Uma Advogada Extraordinária, All of Us Are Dead, Bem-Vindos à Vizinhança… além das já citadas Wandinha e Stranger Things.
As renovações das 28 séries anunciadas neste ano também são inquestionáveis. Nesse grupo estão Sandman, Eu Nunca…, Vikings: Valhalla, Heartstopper, A Imperatriz, e mais.
Os casos de Dahmer e Bem-Vindos à Vizinhança são emblemáticos. Concebidas como minisséries (uma única leva de episódios com começo, meio e fim), ambas foram transformadas em séries com múltiplas temporadas por causa da repercussão inconteste.
A lógica é simples. Fez sucesso? Toma mais temporadas. Flopou ou deu prejuízo? Vai ser cancelada.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br