POLÊMICA

O controverso papel de Jeremy Strong em Masters of Sex: defensor da ‘cura gay’

Logo após a série de estudo sexual, o premiado ator foi escalado para Succession
DIVULGAÇÃO/SHOWTIME
Jeremy Strong na 4ª temporada de Masters of Sex
Jeremy Strong na 4ª temporada de Masters of Sex

Antes de roubar a cena em Succession, ganhando Emmy e tudo mais, Jeremy Strong encarnou um personagem bastante controverso na quarta temporada de Masters of Sex (Paramount+), em 2016. O ator famoso por ser adepto de técnicas de interpretação intensas, como viver na pele do personagem mesmo longe das câmeras, encarnou um psicólogo a favor da “cura gay” no drama baseado em fatos acerca da revolução sexual dos anos 1950 e 1960.

Jeremy Strong ganhou o papel de Art Dreesen, novo contratado da clínica de William “Bill” Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan). O primeiro caso que ele recebe, para atender ao lado de Bill, é de um rapaz que não consegue ter ereção com a mulher, chamado Bob Drag (Danny Jacobs); é discutida a possibilidade de ele ser gay.

Durante uma sessão, Art coloca um protocolo em prática, e o paciente consegue ficar com o pênis ereto. Contudo, nada disso teve a ver com a técnica aplicada; foi apenas porque ele estava ouvindo a voz do psicólogo, ficando excitado com isso. Bob cada vez mais se sente atraído por Art, chegando a beijá-lo.

Art estuda questões homossexuais e acredita na conversão (crença comum nos estudos da época, registra-se). Masters of Sex mostra com detalhes essa dinâmica, inspirada em casos reais.

Criada pelo sexólogo norte-americano Alfred Kinsey, tido como o pai da revolução sexual, a escala Kinsey é a base dos estudos de Art. Basicamente, a escala visa determinar a sexualidade de um homem usando números, de zero a seis. O indivíduo exclusivamente heterossexual está no ponto zero e o exclusivamente homossexual, no seis.

Bob se encaixa no ponto três (igualmente heterossexual e homossexual). Isso porque ele teve, além de mulheres, relações com homens ao longo da vida, na infância e como adulto. Art trabalhou para “curar” Bob, fazê-lo ser “exclusivamente heterossexual”. A “conversão homossexual” foi apoiada por Virginia.

Ela e Bill estavam juntando informações sobre a homossexualidade para publicar em um livro. Nele, haveria sim espaço dedicado à “conversão homossexual”. Bill, particularmente, não acreditava nisso. Mas, sem jeito, disse sobre Bob: “Ele acabou sendo capaz de… redirecionar seus impulsos homossexuais para sua relação heterossexual”. Isso após o trabalho de Art.

A verdade sobre a escala Kisney

A escala Kinsey foi mal aplicada por Art. Na verdade, a tal classificação serviu para expor a flexibilidade sexual que muitas pessoas têm. Com ela, desmoronou a ideia de que cada pessoa é totalmente binária quando o assunto é atração sexual. Ou seja, homem só pelo sexo feminino, mulher só pelo sexo masculino.

Provou-se que é possível outras tantas combinações e atrações além daquelas tradicionalmente aceitas pela sociedade.

O tema da “cura gay” movimenta o mundo da psicologia no Brasil e no mundo. Por aqui, ações de todos os lados atacam esse tema, desde abertura para discuti-lo academicamente ou cassação de registros de quem oferece o “tratamento”. Embora proibida, a “cura gay” é praticada nos consultórios brasileiros.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), em 17 de maio de 1990, retirou o sufixo “ismo” da palavra homossexualismo (“ismo” se refere a doenças, no linguajar médico). Sentir atração por alguém do mesmo gênero passou a ser tratado como variação da sexualidade, sendo então usado o termo homossexualidade (“dade” indica comportamento).

Masters of Sex está completa (quatro temporadas) no Paramount+.


Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.

Siga nas redes

Fale conosco

Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
contato@diariodeseries.com.br
magnifiercross