ANÁLISE

Versão coração mole de Tia Lydia indica reviravolta em The Handmaid’s Tale

Jornada da personagem está conectada com o spin-off Os Testamentos
DIVULGAÇÃO/HULU
Ann Dowd na 5ª temporada de The Handmaid's Tale
Ann Dowd na 5ª temporada de The Handmaid's Tale

A quinta temporada de The Handmaid’s Tale (Paramount+) acerta na desconstrução de Tia Lydia (Ann Dowd), comandante severa das aias que paulatinamente tem demonstrado mais empatia. O coração mole da chefona linha dura indica uma mudança de rumo da personagem, a caminho de uma revolução em Gilead, que impacta a trama de The Handmaid’s Tale e tem consequência na série spin-off a seguir, batizada de Os Testamentos.

Dois eventos da atual leva de episódios deram o start na nova Tia Lydia. Primeiro foi lidar com a quase morte de Janine (Madeline Brewer), tomando uma postura genuína de preocupação com a vida da aia, quase como se fosse a mãe dela. Após a criada escapar da morte, Lydia se comprometeu a tratar as garotas melhor, com ajuda de Janine.

O outro evento-chave ocorreu com Esther (Mckenna Grace). Lydia ficou verdadeiramente enfurecida ao descobrir que a jovem foi estuprada pelo Comandante Putnam (Stephen Kunken), antes de ser a aia dele de forma oficial. 

Lydia está no começo de um longo processo de desintoxicação de Gilead. Então, não é uma transformação perfeita e instantânea. Ao ouvir o duro relato de Esther, Lydia se indignou com a violência cometida contra a aia. Mas como a jovem disse, a tia nunca fez nada para acabar com tal prática comum. Afinal, dentro da legalidade do governo teocrático ou não, as criadas são estupradas com frequência dentro dos lares dos comandantes.

Na mente de Lydia, tudo isso faz parte do ritual sagrado em vigor em Gilead. Contudo, essa interpretação fundamentalista está perdendo força, com os dois casos aqui citados contribuindo para que ela tenha outra visão de Gilead.

Lydia humanizada

The Handmaid’s Tale é baseada no livro homônimo chamado no Brasil de O Conto da Aia. O spin-off, Os Testamentos, também é inspirado em obra da escritora Margaret Atwood. É válido ressaltar que, nos livros, Tia Lydia é apresentada com mais humanidade do que na TV.

Essa jornada de redenção de Lydia tende a ganhar bastante destaque nas duas últimas temporadas de The Handmaid’s Tale. Afinal, em Os Testamentos ela é figura central, integrante de uma revolução importante. Para a narrativa, tudo cai muito bem.

Isso porque os telespectadores vão ver uma personagem até então alinhada até os dentes com toda a cartilha de Gilead se virar contra o regime teocrático. No caso do estupro cometido por Putnam, ela encarou o Comandante Lawrence (Bradley Whitford), sem medo, e exigiu uma punição. 

Putnam foi morto, pendurado no muro dos selvagens, reservado para quem trai Gilead. Tia Lydia levou algumas aias a passeio e, feliz, apontou o comandante sem vida pendurado por uma corda. Ela tenta, ao menos do jeito dela, mostrar que se preocupa com as aias, tomando decisões para protegê-las.

The Handmaid’s Tale fica mais forte com essa reviravolta de Lydia. Porque se trata de uma pessoa enraizada em um regime cruel contra as mulheres, com ela contribuindo diretamente para a engrenagem tirana funcionar. Mas ela está se ligando no que rola de verdade por baixo do pano.

Lydia está atenta ao que os Comandantes dizem da boca para fora e fazem em segredo. A hipocrisia de Gilead será desvendada, desmistificando os valores supostamente nobres do governo, que nada de virtuoso tem. São os olhos sendo abertos curando a lavagem cerebral.

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