VIOLÊNCIA SEXUAL

The Handmaid’s Tale para de mostrar estupros; cenas são trocadas por relatos

Série não deixa de abordar o assunto, mas adota um caminho diferente
REPRODUÇÃO/HULU
Mckenna Grace na 5ª temporada de The Handmaid's Tale
Mckenna Grace na 5ª temporada de The Handmaid's Tale

Drama vencedor do Emmy, The Handmaid’s Tale parou de mostrar cenas de estupro na quinta temporada. Porém, isso não quer dizer que a série esteja fugindo do assunto. Pelo contrário. Apostando em relatos diretos, sem meias palavras, a atração encontrou outro meio de tratar da violência sexual sofrida pelas personagens sem exibir o ato de forma gratuita.

[Atenção: spoilers a seguir]
O sexto episódio da quinta temporada, lançado nesta semana no Paramount+, apresentou um exemplo nítido dessa nova abordagem. A aia Esther Keyes (Mckenna Grace) contou para a Tia Lydia (Ann Dowd) que foi estuprada pelo Comandante Putnam (Stephen Kunken), isso antes de ele a ter como aia de forma oficial. E Esther não usou expressões como “fui violentada” ou coisas do tipo. Ela falou “ele me estuprou”, com todas as letras.

A diretora do episódio, Eva Vives, disse em entrevista ao site Vanity Fair que foi proposital não mostrar Esther sendo estuprada por Putnam. O público ficou sabendo do crime pelo relato cortante da jovem, tão visceral que deixou até mesmo a Tia Lydia revoltada.

Eva, que passou pela mesma situação de Esther durante a adolescência, disse que nenhum tipo de estupro deve ser mostrado de forma explícita, na TV ou cinema. “Em primeiro lugar, não quero traumatizar ninguém, magoar quem está em casa assistindo [à série]”, falou.

“O público não precisa ver o ato para saber que aquilo aconteceu”, reforçou. A diretora elogiou os roteiristas pela escolha de palavras no desabafo de Esther. “Estupro” ao invés de “violência sexual” carrega mais peso, tem mais ênfase, por mostrar que aquilo não tem nada de sexy ou sexual. É um ato violento e demonstrativo de poder.

Na narrativa, o depoimento de Esther abalou Tia Lydia, que faz vista grossa e é conivente com os estupros cometidos frequentemente em Gilead, agressões praticadas dentro de lares e com permissão do governo teocrático fundamentalista. Mas ela se comoveu com a experiência vivida pela jovem, uma postura simbólica em vários sentidos, tanto dentro quanto fora da trama.

Sem mostrar o estupro em si, The Handmaid’s Tale fez esse momento ser fortíssimo e doloroso igual a tantos outros. Eva Vives crê que essa nova característica da série, a partir desta quinta temporada, tem de permanecer.

“Não acho que esse tipo de violência sexual precisa ser gravada”, alertou, nem mesmo que seja para explicitar o horror do ato. “Eu acredito que as pessoas ficam magoadas ao ver isso”.

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