A minissérie Toda Luz que Não Podemos Ver, que estreia na Netflix na quinta-feira (2), chega fazendo história, com duas atrizes cegas interpretando a personagem principal, Marie-Laure: Aria Mia Loberti (versão adulta) e Nell Sutton (criança). O desafio maior foi achar a protagonista adulta, processo que rodou o mundo e teve mais de mil candidatas.
Baseada no livro homônimo de Anthony Doerr, lançado no Brasil pela editora Intrínseca, a nova minissérie da gigante do streaming tem uma dupla de peso nos bastidores. O roteiro dos quatro episódios foi escrito por Steven Knight, criador de Peaky Blinders. E a direção ficou com Shawn Levy, produtor-executivo primário e diretor de oito episódios de Stranger Things.
Levy assumiu a responsabilidade de fazer uma audição aberta global para encontrar a atriz de Marie, trabalhando em contato direto com escolas e comunidades voltadas aos cegos. Foi um desafio arriscado, pois a partir do momento que entrou nessa investida, não tinha como voltar atrás. Ele precisava encontrar a artista ideal para a personagem
A exigência mínima era que a pessoa concorrente fosse legalmente cega. Não havia necessidade de ser atriz profissional. A produção de Toda Luz que Não Podemos Ver recebeu diversos vídeos, tanto de pessoas experientes na área quanto de quem e só alimentava o sonho de atuar. E tudo isso via Zoom, porque o processo de escalação ocorreu durante a pandemia de Covid-19.
Acabou que a escolhida foi uma jovem americana acadêmica, estudante de Ph.d na Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State): Aria Mia Loberti. Ela nunca tinha atuado na vida e apenas se candidatou após insistência de uma professora dos tempos de infância. Aria Mia Loberi é cega devido a uma severa condição de acromatopsia.
Quem vê Aria na pele de Maurie não acredita que seja o primeiro trabalho dela como atriz. Levy, muito experiente nesse mundo do entretenimento, também ficou de queixo caído. Ele costuma dizer que achar Aria foi “a descoberta de um unicórnio.”
Aria também acabou servindo como consultora do projeto, ajustando ações de Maurie descritas no roteiro para passar mais veracidade.
A minissérie, contudo, contou um consultor dedicado e especializado em produções com personagens cegos, Joe Strechay, que trabalhou anteriormente em séries como Demolidor e See, ambas com protagonistas cegos, mas interpretados por atores que enxergam.
Em entrevista ao The New York Times, Strechay comemorou a seleção de Aria Mia Loberti para o papel principal em Toda Luz que Não Podemos Ver. “Ter uma protagonista vivida por uma pessoa que é legalmente cega é uma grande conquista por tudo o que lutamos a bastante tempo”, disse.
Hollywood e outras praças de entretenimento tendem a colocar atores de ponta, que enxergam, em papéis desse tipo, evitando o risco de ter uma pessoa desconhecida liderando a trama. A nova minissérie da Netflix fez diferente, escalando nomes de peso ao redor de Aria, como Mark Ruffalo (pai de Marie) e Hugh Laurie (tio de Marie).
Ruffalo, por exemplo, já interpretou um cego no cinema, no filme Ensaio sobre a Cegueira (2008, de Fernando Meirelles). O ator mencionou isso com Strechay, que brincou com o artista ao falar de sua atuação pouco convincente como um cego: “Valeu a tentativa”.
A trama de Toda Luz que Não Podemos Ver
O enredo de Toda Luz que Não Podemos Ver, situado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) acompanha a história da menina cega Marie-Laure e de seu pai, Daniel LeBlanc (Ruffalo), que fogem de Paris, ocupada pelos alemães, com um lendário diamante para evitar que ele caia nas mãos dos nazistas.
Perseguidos por um oficial da Gestapo que quer se apossar da pedra para benefício próprio, a dupla logo encontra refúgio em Saint-Malo (França). Lá, eles vão morar com um tio recluso que faz transmissões de rádio clandestinas para a resistência.
Nesta cidade à beira-mar, a garota também encontra sua improvável alma gêmea: Werner (Louis Hofmann). Ele é um jovem recrutado pelo regime de Hitler para rastrear transmissões ilegais e compartilha com Marie-Laure uma ligação secreta, assim como sua fé na humanidade e esperança.
Ao entrelaçar as vidas desses dois jovens ao longo de uma década, Toda Luz que Não Podemos Ver fala sobre o extraordinário poder da conexão humana, um farol que pode nos guiar até nos tempos mais sombrios.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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