Baseada em histórias reais, a minissérie The New Look (Apple TV+) estreou na última quarta-feira (14) narrando as trajetórias dos estilistas Christian Dior e Coco Chanel na Paris (França) dominada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Direta e reta, a atração mostra Chanel, que virou grife de luxo cobiçada no mundo inteiro, ao lado de nazistas como uma espécie de espiã. O quanto disso é verdade?
Criador do drama de época, Todd A. Kessler (Damages) liderou com sua equipe uma pesquisa intensa que levou sete anos para ficar pronta. Tudo isso para ter a segurança dos fatos ao fazer a adaptação dos relatos que encontraram. Ele, contudo, bateu na tecla do óbvio ao comentar sobre The New Look em entrevistas à imprensa, reforçando que trata-se de uma produção ficcional visando o entretenimento, não é um documentário.
Dito isso, muito do que é retratado sobre a jornada de Coco Chanel, interpretada pela estupenda Juliette Binoche, realmente aconteceu.
Como visto nos três primeiros episódios lançados até agora: Chanel fechou seu ateliê para não trabalhar para os nazistas (fato público que as pessoas sabiam, mas desconheciam os segredos atrás da cortina); ela se refugiou no Hotel Ritz, ponto de encontro dos militares alemães; ela criou conexões com nazistas de alta patente e se envolveu romanticamente com um nazista; há provas de algumas de suas missões e viagens para coletar informações que ajudariam os alemães.
Chanel teve sim contatos de intimidade e cumplicidade com nazistas. Porém, logo no pós-guerra, não se comprovou a profundidade de tais interações, se ela realmente foi peça decisiva em movimentos do conflito. Tanto que depois de a Alemanha jogar a toalha branca, a estilista foi interrogada pelo governo francês sobre justamente a sua colaboração com os nazistas. Acabou sendo inocentada.
Mas documentos revelados posteriormente revelaram que Chanel foi, no mínimo, simpatizante dos alemães durante a Segunda Guerra, período no qual Paris ficou completamente sitiada pelos nazistas, com suásticas espalhadas pelas ruas. Fora o fato de ela ter tomado atitudes antissemitas explícitas e ter cumprido atos de espionagem.
Daí, entra os caprichos da história. Um dos pontos que ligou Chanel com os alemães, como The New Look encena, foi o ataque orquestrado contra seu parceiro de negócio e um dos fundadores da grife Chanel: Pierre Wertheimer, que era judeu. Os nazistas ajudaram Coco a retomar o fundo da empresa e controle; Pierre tinha fugido para os Estados Unidos. Hoje, quem é dono da grife é a família de Wertheimer…
Nascida em 1883, Coco Chanel morreu em 10 de janeiro de 1971, aos 87 anos, no Hotel Ritz, em Paris, onde morou durante três décadas.
Composta de dez episódios, a minissérie The New Look chega com episódios inéditos no streaming da Apple toda quarta-feira, até 3 de abril. No elenco estão Ben Mendelsohn, como Christian Dior; Maisie Williams é Catherine, irmã ativista de Dior; John Malkovich vive o estilista Lucien Lelong; Nuno Lopes interpreta Cristóbal Balenciaga; e Glenn Close encarna Carmel Snow, famosa editora-chefe da icônica revista de moda Harper’s Bazaar.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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