Há dez anos, a Netflix lançou sua primeira série original. Em 1º de fevereiro de 2013, a primeira temporada completa (13 episódios) de House of Cards entrou na plataforma, que pretendia se tornar uma produtora de conteúdo competitiva em Hollywood. O drama político, estrelado por Kevin Spacey e Robin Wright, foi recebido com desconfiança.
Em linhas gerais, a crítica naquela época aprovou House of Cards, sem deixar de ressaltar restrições. Uma frase que sintetizou bem o sentimento em relação a série foi: “boa, mas não ótima”. Vale considerar diversos fatores que estavam em jogo quando a atração entrou no ar.
A Netflix tinha uma boa cartela de clientes uma década atrás, com 27 milhões de assinantes, nos Estados Unidos e Canadá (hoje, esse montante está na casa dos 74 milhões). Ou seja, havia potencial de audiência, similar a alguns canais da TV paga.
Assistir séries de uma só vez não foi um hábito criado pela Netflix. Muitas pessoas, na era pré-streaming, faziam isso com os tão amados e desejados box de DVDs. A empresa do tudum popularizou esse modelo, o adotando como oficial no lançamento das séries na plataforma, originais ou não.
O marketing em cima de House of Cards foi pesado, um dos mais agressivos feitos pela Netflix (também pudera, precisava mesmo de muita propaganda por ser a primeira série original). A empresa investiu também na produção, gastando em média US$ 4,5 milhões por episódio, valor bem próximo ao pago pela HBO pela terceira temporada de Game of Thrones, exibida no mesmo ano.
House of Cards foi adaptação de uma minissérie britânica homônima, exibida em 1990. A versão americana acompanhou o deputado federal Frank Underwood (Spacey) que, após não receber o cargo de Secretário de Estado como fora prometido durante a campanha presidencial, encabeça uma trajetória de vingança para tomar o poder político americano para si, ajudado pela mulher, Claire (Robin), tão ambiciosa quanto ele.
House of Cards e as avaliações da crítica
A crítica ficou dividida ao analisar essa tática de maratona. Como a primeira temporada só começa a pegar fogo mesmo do quinto episódio em diante, teve jornalista que admitiu que desistiria da série na metade do caminho se os episódios fossem soltos semanalmente. Por outro lado, alguns críticos disseram que ter à disposição todos os capítulos de uma só vez os encorajaram a terminar a leva, superando o início “devagar, quase parando”.
Crítico da Vulture, Matt Zoller Seitz adotou a linha do “boa, mas não ótima”, acrescentando: “intrigante, mas não revolucionária”. Ele, como todos os outros colegas, falou sobre o tema dos lançamentos dos episódios de uma só vez. Seitz destacou que a série foi escrita dentro desse esquema, sabendo que o espectador iria assistir aos capítulos na sequência. É realmente um jeito diferente de roteirizar os episódios em comparação com a forma pré-streaming.
James Poniewozik, da revista Time, fez ponderações importantes: “É um drama muito bom, envolvente, maduro, bem executado… mas pouco inovador em história, formato ou [construção dos] personagens.”
A Hollywood Reporter olhou para a frente e definiu com propriedade o peso da primeira temporada de House of Cards: “Se a Netflix queria chegar com o pé na porta para provar que pode produzir conteúdo como qualquer um [em Hollywood], House of Cards mostrou-se a escolha certa”. A revista também apontou que a série estaria presente no circuito de premiações, incluindo o Emmy.
House of Cards terminou em 2018, após seis temporadas (73 episódios). A primeira temporada recebeu nove indicações ao Emmy de 2013, incluindo melhor drama (categoria que contou com narrativa política em outras quatro oportunidades). No total, foram 56 indicações ao Emmy, com sete vitórias.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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