O streaming Apple TV+ está em uma fase inédita. Três séries foram canceladas em quatro meses; a vítima da vez foi a sofrível Querido Edward. É muito para uma plataforma que, entre 2021 e 2022, renovou 19 séries seguidas, sem nenhum cancelamento. É ainda o streaming mais confiável do mercado, no quesito concluir as tramas das atrações lançadas, mas o sinal amarelo de alerta está aceso.
Lançado em novembro de 2019, o Apple TV+ rapidamente se estabeleceu no mercado como o serviço com séries de alto padrão, encabeçadas por grandes nomes da atuação e realizadas por profissionais tarimbados atrás das câmeras. Virou sinônimo de qualidade.
Essa fórmula resultou em ótimas séries, bem aceitas pelo público e pela crítica, assegurando assim renovações. Foram 14 meses consecutivos sem um único cancelamento (término inconclusivo de uma trama, abortando a produção).
A atual fase de cancelamentos começou com Shantaram, drama protagonizado por Charlie Hunnam (Sons of Anarchy). A notícia do fim veio a jato, em dezembro do ano passado, apenas dois meses após a estreia da série.
Em janeiro, a guilhotina pegou The Mosquito Coast, com Justin Theroux (The Leftovers), cancelada depois de duas temporadas.
A seguir vieram quatro renovações, uma atrás da outra: Acapulco, Teerã, Falando a Real e Máquina do Destino. Até chegar em Querido Edward.
Leia a crítica do Diário de Séries: Maçante e sem carisma, Querido Edward tem nada de This Is Us
Querido Edward foi um flop raro do streaming da Apple, cuja ficha corrida apresenta muito mais acertos do que erros, como visto. A adaptação do best-seller homônimo funcionaria bem melhor como um filme de duas horas, sem sombra de dúvida. Dez episódios de sofrimento melodramático não deu certo.
O começo de Querido Edward traz vários personagens desconectados entre si. Tem uma assessora política, atriz, uma família tradicional… Todos vão embarcar em um avião, de Nova York a Los Angeles, ou são próximos de alguém que vai estar no voo. A aeronave cai, todos a bordo morrem, menos um: o Edward, do título da série, interpretado por Colin O’Brien.
Daí em diante, a narrativa espreme até o talo o luto de pessoas que perderam entes queridos na tragédia. Entretanto, quase todos os personagens são mal explorados e desenvolvidos. A sensação é de repulsa e não de empatia para com eles. O resultado disso é o tédio.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br