ESTADO EM CHAMAS

Fire Country: saiba por que série novata nº1 nos EUA incomoda bombeiros

Drama apresenta história baseada em um programa real de reabilitação de presos
DIVULGAÇÃO/CBS
Cena da série de bombeiros Fire Country
Cena da série de bombeiros Fire Country

A atual fall season, temporada de lançamento de séries entre setembro e novembro, não emplacou uma atração arrasa-quarteirão na TV aberta americana. Dito isso, a série estreante líder de audiência, Fire Country, está causando. O entrave tem origem no teor da narrativa, cuja base é um tanto quanto tradicional: bombeiros combatendo incêndios. Acontece que os bombeiros da vida real não estão curtindo esse novo drama não.

Para se diferenciar das outras tantas atrações sobre bombeiros, Fire Country tem uma premissa fora da caixinha. Um homem condenado à prisão entra para uma equipe de bombeiros, no Estado da Califórnia, com o intuito de trabalhar e reduzir a pena. 

O drama tem um estilo tipo Chicago Fire e Station 19, só que os incêndios combatidos aqui são enormes e descontrolados, em florestas e grandes áreas abertas, imitando os fogos que atingem de verdade a Califórnia e vistos nos noticiários recorrentemente.

Na base da série estão bombeiros do Cal Fire, que emula o órgão real homônimo, chamado oficialmente de Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia, que existe de 1885. Vem desse lugar os bombeiros que chiam e criticam Fire Country.

O protagonista Max Thieriot em cena de Fire Country
O protagonista Max Thieriot em cena de Fire Country

Ficção versus realidade

Com Fire Country está ocorrendo algo similar ao visto com The Crown. Se discute o que é ficção e realidade na série, unindo até patrões e funcionários na mesma causa. 

Diretores do Cal Fire vieram a público esclarecer que o departamento não tem qualquer influência na série, pontuando que ali está sendo encenada uma representação equivocada da vida dos bombeiros na Califórnia, principalmente daqueles participantes do programa de reabilitação de presos, em vigor desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Esse programa apresentado em Fire Country foi estabelecido para suprir a falta de profissionais durante aquele período de conflito mundial. Basicamente, os presos de baixa periculosidade selecionados pelo programa trabalham combatendo incêndios e, em troca, ganham redução na pena.

Representantes dos bombeiros também ecoaram contrariedade. O sindicato chegou até a questionar na Justiça o uso do nome Cal Fire no enredo do drama, mas não obteve sucesso na argumentação.

Exibida nas noites de sexta-feira na rede CBS, uma faixa nada usual para uma série líder de audiência da TV americana, Fire Country está com uma boa média de 8 milhões de telespectadores por episódio (“ao vivo” + 7 dias). Boa parte destas pessoas estão conhecendo o programa de reabilitação do Cal Fire e passaram a fazer alguns questionamentos.

Bombeiros que são presidiários têm quatro vezes mais chances de se machucar no trabalho do que os bombeiros de carreira, por exemplo. Os participantes do programa ganham bem menos do que um salário mínimo, gerando mais debate.

Tem quem argumente que o salário deveria ser integral. Do outro lado, muitos pensam que, se for fazer isso, é melhor contratar um bombeiro de carreira do que colocar uma pessoa inexperiente no combate às chamas descontroladas. Há ainda espaço para as pessoas que lutam para que esse programa de reabilitação seja extinto.

No meio do sururu estão os produtores, focados apenas em fazer uma boa série de TV. E, como provado pelos números, estão conseguindo, criando conexão com o público. O renomado produtor televisivo Jerry Bruckheimer (franquia CSI) está por trás do projeto, criado por roteiristas que passaram pelo prestigiado drama médico Grey’s Anatomy.

Ainda não há previsão de estreia de Fire Country no Brasil.

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