Após 148 dias de braços cruzados, os roteiristas de Hollywood não estão mais em greve. A paralisação terminou, de forma oficial, à 0h01 desta quarta-feira (27). Restam apenas detalhes burocráticos para selar o acordo com a AMPTP, entidade patronal que representa os nove maiores estúdios da indústria de entretenimento americana. Mas, imediatamente, os roteiristas podem voltar aos trabalhos. A greve decretada pelo WGA, o sindicato dos roteiristas, teve início em 2 de maio.
Agora vem a pergunta: quando as séries interrompidas pela greve, por diversos motivos, vão voltar ao ar? Antes de tudo, é preciso lembrar que os atores ainda estão com a sua greve ativa, chegando perto dos 80 dias parados. Ao que tudo indica, essa paralisação deve chegar ao fim logo, pegando carona no novo contrato do WGA com a AMPTP (válido até 1º de maio de 2026).
Em suma, são três cenários: as séries (ou temporadas) que estavam sendo gravadas quando a greve dos roteiristas foi oficializada; as atrações que estavam sendo escritas/produzidas antes de maio; e aquelas que nem sequer começaram os trabalhos da nova leva.
Logicamente, as produções dentro do primeiro cenário saem na frente. Muitas, literalmente, tiveram de suspender tudo no meio do caminho. Basta apenas os atores voltarem da greve para ligar as câmeras e seguir de onde pararam.
As do segundo quadro vão poder adiantar os roteiros e questões de logística de produção para poderem começar as gravações logo quando os atores retornarem. Cenário parecido com as que ainda precisam traçar os planos da temporada 2023-2024.
Aquelas séries mais simples, sem efeitos especiais, podem voltar ao ar em março do ano que vem, as que ainda vão começar o trabalho do zero. São atrações que precisam de oito a dez semanas de desenvolvimento (roteiro e produção) antes da gravação dos episódios. Se encaixam nesse retrato os chamados dramas procedurais, como as séries da franquia Chicago, NCIS, The Rookie…
As comédias, como Young Sheldon, podem voltar antes, em fevereiro. Tudo isso, contudo, depende do fim da greve dos atores, vale reforçar. Para esse plano funcionar, a categoria tem de liberar seus profissionais, no máximo, até metade de novembro.
Entra a questão da quantidade de episódios para a temporada 2023-2024. Se a greve dos atores chegar ao fim em outubro, e o botão da correria for acionado, dá para fazer uma temporada de 13 episódios.
Caso contrário, pode chegar-se à conclusão de que não vale a pena fazer às pressas uma temporada com menos episódios do que isso. Assim, tal série fica sem capítulos inéditos na temporada 2023-2024, voltando apenas no segundo semestre do ano que vem.
Um detalhe importante acerca disso são os direitos de distribuição internacional. A maioria dos contratos exigem uma quantidade mínima de episódios por temporada. Isso com certeza será levado em consideração no planejamento.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br