ENTENDA

Familiares de vítimas da tragédia da boate Kiss divergem sobre processo contra a Netflix

Todo Dia a Mesma Noite gera debate sobre sensacionalismo ou não da gigante do streaming
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Débora Lamm com Thelmo Fernandes em Todo Dia a Mesma Noite
Débora Lamm com Thelmo Fernandes em Todo Dia a Mesma Noite

A minissérie Todo Dia a Mesma Noite, produção da Netflix sobre o incêndio na boate Kiss, gerou um racha entre os familiares de vítimas dessa tragédia, que completou dez anos na semana passada. Um grupo estuda processar a gigante do streaming alegando que houve exploração comercial do caso. Porém, outra parte dos familiares “sente-se representada [pela série]” e afirma não ter nada a ver com esse possível imbróglio judicial.

No último sábado (28), o site Gaúcha Zero Hora (GZH) publicou uma reportagem informando que um grupo de cerca de 40 famílias planeja processar a Netflix por conta de Todo Dia a Mesma Noite. O empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes, que perdeu uma filha de 19 anos no incêndio, falou sobre a ação:

Queremos entender quem autorizou, quem foi avisado, porque muitos de nós não fomos. Há pais passando mal por causa da série. O mínimo que exigimos agora é que uma parte do lucro seja repassada para tratamento de sobreviventes e para a construção do memorial da Kiss. Nós não queremos nenhum dinheiro para nós”, disse ao GZH.

A advogada desse grupo, Juliane Muller Korbm, confirmou à CNN que não há interesse de seus clientes em pedir indenização para a Netflix. O ponto a ser defendido é fazer com que a minissérie “não seja só explorada comercialmente.”

“Precisamos tratar da responsabilidade social sobre a dor desses pais”, argumenta Juliane. “A que custo uma plataforma de streaming pode lucrar em cima de uma tragédia como essa?”. Antes de protocolar o processo na Justiça, a advogada pretende conversar com representantes da gigante do streaming e entrar em um acordo.

Devido à repercussão dessa notícia, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, no domingo (29), divulgou uma extensa nota oficial esclarecendo alguns pontos. 

O presidente da associação, Gabriel Rovadoschi Barros, assina o comunicado que afirma: “reiteramos que não estamos movendo nenhum processo contra [a Netflix], nem pretendemos, por acreditarmos na potência [da minissérie] na luta por justiça e a luta por memória.”

É também passado ao público que os familiares estavam “sim cientes que a produção estava sendo realizada com base nos personagens do livro Todo Dia a Mesma Noite: A História Não Contada da Boate Kiss, de Daniela Arbex.”

Desde o lançamento do trailer de Todo Dia a Mesma Noite se dá um debate sobre um possível sensacionalismo da Netflix ao produzir uma minissérie sobre uma das piores tragédias já vistas no Brasil, incêndio que resultou na morte de 242 pessoas, deixando outras 636 feridas, que ocorreu na casa noturna em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Para a associação, a adaptação televisiva é bem-vinda:

Entendemos que rever a tragédia, principalmente nos dois primeiros episódios, pode mobilizar os sentimentos, as lembranças e dimensionar a impunidade em sua ferocidade, e, com isso, a associação se disponibiliza a acolher e a promover ações para comporem o movimento por justiça”, diz a nota.

Veja o esclarecimento dado pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria:


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