O que era esperado aconteceu. A casa real que inspirou a série Bem-Vindos à Vizinhança virou ponto turístico. São tantos curiosos de olho na residência da Boulevard, 657, na cidade de Westfield (Nova Jersey, EUA) que até fila de carros se formou na rua, atrapalhando o vaivém dos moradores. Lembrando que o imóvel usado na minissérie da Netflix não é o mesmo onde a história sinistra ocorreu, mas a narrativa manteve o endereço verdadeiro.
A polícia local precisou isolar a área da casa para manter as pessoas longe da propriedade, que atualmente está ocupada por uma família. Aquela fita amarela, tão comum em filmes e séries policiais, delimita o perímetro da residência. Um cavalete colocado no pavimento que dá para a garagem bloqueia o acesso. Os bisbilhoteiros só podem ver o imóvel de longe.
Quem mora por perto não está gostando nada dessa visita indesejada. A torcida é para que o hype em torno da minissérie passe logo e tudo volte à normalidade. Moradores que passam de carro e veem os curiosos gritam coisas como “vão para casa!”. A insatisfação é geral, segundo reportagem do site NJ.com.
Faça um tour pela casa real que inspirou o drama Bem-Vindos à Vizinhança:
Conheça a história real de Bem-Vindos à Vizinhança
Atual líder de audiência na Netflix, Bem-Vindos à Vizinhança foi lançada no último dia 13 e acompanha a rotina da família Brannock (Broaddus, na vida real). Muita coisa mudou entre o que aconteceu de verdade e a encenação. Mas a base é a mesma. O que seria a vida de sonho dentro de uma casa espetacular virou um pesadelo.
Em 2014, os Broadduses, casal com três filhos, compraram uma residência luxuosa na cidade de Westfield, por US$ 1,4 milhão, no endereço Boulevard, 657. Porém, eles nunca se mudaram por causa das cartas anônimas que recebiam.
Os recados dados pelo o que foi chamado de The Watcher (nome da série em inglês) eram na linha de: “Eu observo e espero o tempo em que o sangue das crianças vai ser meu de novo” e “Eu passo pela casa várias vezes ao longo do dia. Você sabe que eu estou de olho”.
Na tradução em português do roteiro de Bem-Vindos à Vizinhança, o stalker foi batizado de Observador. As cartas criticavam algumas reformas feitas no imóvel, assim como descrevia coisas que as crianças faziam por lá.
A família Broaddus chegou a processar os antigos donos por não informarem sobre as cartas, que eram enviadas ao endereço anteriormente. Querendo se livrar logo desse problema, a família colocou a casa à venda oito meses após a compra, em fevereiro de 2015.
Como esperado, ninguém queria morar na casa “assombrada” pelo observador anônimo. Nenhuma oferta era entregue, levando os Broadduses ao extremo de vender a propriedade para uma empreiteira, que iria demolir o imóvel para construir duas casas. Esse projeto foi rejeitado pela prefeitura.
Somente cinco anos depois da compra, em julho de 2019, a família vendeu a casa. Contudo, muito abaixo do valor de mercado, resultando em um prejuízo financeiro enorme, recebendo US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) a menos do que pagaram.
Na época, essa história das cartas e da dificuldade de vender a casa era conhecida em todos os Estados Unidos. Quando a transação dos Broadduses foi concluída, o assunto virou notícia nacional, ganhando reportagens em telejornais das grandes emissoras de TV.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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