Vencedor de cinco Oscars (dois por Gravidade, três por Roma), o renomado diretor mexicano Alfonso Cuarón flopou no primeiro projeto de sua autoria para a TV. Há dez anos, estreava Believe, drama de ficção científica que foi rotulado como uma das grandes apostas da safra de séries de 2014, tendo o badalado J.J. Abrams na produção-executiva. Mas a atração não passou da primeira temporada.
Believe chegou com o selo da Warner Bros. e exibida nos Estados Unidos pela rede NBC. A estreia foi em 10 de março daquele ano. O lançamento no Brasil até que não demorou tanto, levando em conta o contexto da época: dia 19 do mesmo mês, na Warner Channel.
A trama seguiu os passos de Bo (Johnny Sequoyah), menina de 10 anos com poderes paranormais tipo telecinese, premonição, levitação e cura. Cumprindo pena de morte, o presidiário Tate (Jake McLaughlin) escapou da execução graças a um padre que lhe ofereceu a liberdade. Em troca, teria de proteger Bo de ameaças, pois ela fazia parte de um projeto ultrassecreto e tinha a capacidade de mudar o mundo.
Nessa jornada perigosa, Tate enfrentou adversários enquanto tentava desvendar os mistérios por trás dos poderes de Bo e do propósito de sua existência.
Alfonso Cuarón trabalhou como criador, roteirista e produtor-executivo de Believe. Claro, também foi diretor, comandando o primeiro episódio. Ele imprimiu em cena uma de suas principais características, o plano-sequência, montando todo o capítulo como se fosse uma única cena, sem cortes.
A estreia de Believe alcançou uma audiência boa, de 10,56 milhões de telespectadores, nos EUA. O problema se deu na sequência, escancarando a falta de coesão na produção.
Believe enfrentou sérios problemas nos bastidores antes de entrar no ar. E logo envolvendo a peça mais importante do maquinário. A ficção científica trocou de showrunner duas vezes, perdendo um dos criadores, Mark Friedman (Ruptura). Isso afetou o processo criativo, pois as mudanças foram decretadas pela falta de concordância sobre como a série deveria ser feita.
O drama perdeu todo o impacto do primeiro episódio, porque foi o único dirigido por Cuáron. Do segundo capítulo em diante, Believe ficou com cara de série padrão. Contando com a inconsistência narrativa, o ibope desceu ladeira abaixo. Em menos de um mês, perdeu metade da audiência. O cancelamento foi inevitável.
Por onde andam
Uma década depois, Alfonso Cuarón busca redenção na TV americana. Ele é o roteirista e diretor de Disclaimer, minissérie do Apple TV+ com pegada de suspense e psicológica ainda sem previsão de estreia, apesar de estar pronta para ser disponibilizada. O protagonismo da atração é de Cate Blanchett, duas vezes vencedora do Oscar e indicada ao Emmy.
A menina Johnny Sequoyah cresceu, hoje está com 21 anos. Ela não emplacou carreira de atriz mirim pós-Believe, fazendo um ou outro filme durante a adolescência. Seu trabalho mais recente foi em Dexter: New Blood (2021-2022), integrante do elenco fixo.
Já Jake McLaughlin, na cola da ficção científica, cravou um papel importante em Quantico (2015-2018), drama sobre recrutas do FBI, a polícia federal americana. Ele contracenou com Priyanka Chopra (Citadel), destacado com um dos protagonistas da série. McLaughlin pode ser visto atualmente em Will Trent, drama policial disponível no Star+; desta vez, o ator vive um detetive de homicídios.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br