ESPECIAL DE FIM DE ANO

As dez melhores atuações nas séries de 2023

Com justificativas, confira a lista elaborada por Diário de Séries
DIVULGAÇÃO/PRIME VIDEO
Rachel Brosnahan em pôster de The Marvelous. Mrs. Maisel
Rachel Brosnahan em pôster de The Marvelous. Mrs. Maisel

Sem dúvida, o ano de 2023 foi o melhor da história para as séries brasileiras. Isso se deu em grande parte por atuações viscerais, dignas de Emmy, como as de Adriana Esteves em Os Outros e de Andréia Horta em As Aventuras de José & Durval. Teve também o excelente trabalho de Gabriel Leone no drama criminal Dom, que o impulsionou para receber a honra de viver o piloto Ayrton Senna em nova produção da Netflix.

De Hollywood vem outros bons destaques, tipo a consolidação de Jennifer Aniston como atriz dramática, arrasando em The Morning Show. Já no universo do k-drama, Jeon Jong-seo deu show na hipnotizante Barganha, uma aula de como atuar em planos-sequências.

O Diário de Séries selecionou as dez melhores atuações nas séries de 2023. Foram consideradas apenas atrações que foram exibidas e disponíveis em território brasileiro, de 1º de janeiro até 11 de dezembro. Confira:

Adriana Esteves em cena da 1ª temporada de Os Outros
Adriana Esteves em cena da 1ª temporada de Os Outros

Adriana Esteves (Os Outros)
Hit nacional do ano no Globoplay, Os Outros brilhou por ter um alicerce firme no elenco. Muitos se destacaram, mas a camisa 10 do time se sobressaiu. Adriana Esteves entrou em campo e fez jus à fama de lenda da atuação brasileira.

Ela foi perfeita na pele de Cibele, que largou seus sonhos pelo caminho para ser dona de casa e cuidar do filho único. Acontece que ela é uma mãe superprotetora, não deixa a cria ter personalidade nem vida própria, controlando cada movimento do garoto. Nessa missão, ela acabou trocando os pés pelas mãos e colocou a família em uma enrascada.

Adriana trouxe na pele todas as angústias de Cibele. Ela desejava o melhor para a família, ao menos essa era a intenção. Contudo, um atrito com o marido bunda-mole mina a relação com o filho. O culpado disso foram os outros ou ela mesma?

Andréia Horta em cena de As Aventuras de José & Durval
Andréia Horta em cena de As Aventuras de José & Durval

Andréia Horta (As Aventuras de José & Durval)
Em uma atuação magistral, Andréia Horta roubou a cena na série As Aventuras de José & Durval (Globoplay). Ela viveu Araci, mãe de José e Durval, mais conhecidos como a dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó. Na pele de uma personagem modesta, seja no vestir ou na forma de viver, Andréia tomou conta dos holofotes com todo o mérito.

A mineira de 40 anos recebeu a tarefa árdua de interpretar uma mulher, vivendo na roça nas décadas de 1960 e 1970, sufocada em um mundo no qual sua serventia consistia em criar os filhos, uma gravidez após a outra, e cuidar do marido. Quase sempre, essa panela de pressão explodia. Araci desabafava com frequência sobre sua situação, tendo nos filhos a energia para esquecer os problemas e seguir em frente.

Com essa personagem desafiadora, Andréia pôde ir aos extremos. Em certos momentos, Araci estampava um sorriso no rosto ao cantar ou ver os filhos felizes. Por outro lado, tinha surtos do nível de destruir a casa e ser internada, por causa de sua saúde mental deteriorada (bipolaridade). A atriz soube canalizar todos esses momentos com muita técnica e primor.

Gabriel Leone em Dom, série do Prime Video
Gabriel Leone em Dom, série do Prime Video

Gabriel Leone (Dom)
A trajetória de Gabriel Leone é emblemática. Passo a passo, ele foi avançando casinhas até ganhar o grande papel da carreira: interpretar o piloto brasileiro Ayrton Senna na minissérie internacional da Netflix. Esse posto só foi alcançado por causa de Dom (Prime Video), que colocou o ator em evidência no mundo todo. Ele foi revelado na “escola de atuação” da Globo, a Malhação; esteve na 21ª temporada, em 2014.

Gabriel Leone vive em Dom o protagonista batizado com o título do drama violento. Pedro Dantas, o Dom, é um playboy da classe média carioca, filho de ex-policial. O que poderia se tornar apenas mais uma juventude à toa usufruindo de seus imensos privilégios se transformou em vida no crime. 

Expondo o quanto a sociedade é preconceituosa, seu visual e cor de pele não levantam suspeitas, ele se aproveita disso para virar bandido graúdo, especializado em assaltar mansão, procurado pela polícia e tema preferido de um programa policialesco sensacionalista da TV. Leone desempenha esse papel com destreza e é digno de todos os elogios.

Gina Rodriguez na comédia Não Estou Morta!
Gina Rodriguez na comédia Não Estou Morta!

Gina Rodriguez (Não Estou Morta!)
A sempre afiada Gina Rodriguez entregou uma atuação padrão de Emmy na divertidíssima Não Estou Morta! (Star+). A atriz de 39 anos está irresistível no papel da repórter Nell Serrano, que por causa de diversas tribulações na vida acaba sendo responsável por escrever obituários para um jornal californiano. A cereja do bolo: ela vê e conversa com os fantasmas das pessoas mortas enquanto disserta sobre a trajetória de vida delas.

Graciosa e cheia de charme, Gina Rodriguez gasta todo seu talento cômico na pele de Nell, indo além das impagáveis caras e bocas que dão o tom da personagem. Até o humor físico ela topa, tudo para criar a identidade leve e engraçada do papel.

Jeon Jong-seo em cena de Barganha
Jeon Jong-seo em cena de Barganha

Jeon Jong-seo (Barganha)
Dona de uma carreira premiada e destacada, a atriz sul-coreana Jeon Jong-seo chegou ao ápice com uma atuação nota 10 na difícil série Barganha (Paramount+). Sua personagem vai da inocência à crueldade, de vilã a heroína, sem esquecer das mentiras e manipulações que arma para se safar. Tudo isso envelopado em planos-sequências recheados de discursos e diálogos travados em cenas com mais de dez minutos sem qualquer corte.

No insano k-drama, a atriz de 29 anos mostra ser uma verdadeira protagonista. A transição vista logo no primeiro episódio reforça muito bem isso. Quando o telespectador conhece Park Joo Young (Jeon), ele acredita que ali está uma adolescente prestes a embarcar em uma aventura fora do comum. Dizendo ser virgem, estudante no ano final do ensino médio, ela negocia vender sua virgindade por mil dólares.

Acontece que a moça criou essa personagem inocente para esconder seu verdadeiro propósito: atrair um homem e submetê-lo a um leilão macabro no qual ele próprio é o alvo dos lances. Park, então, se transforma em uma mulher que ajuda a movimentar uma rede de tráfico de órgãos que vende de olho a rim na base do quem paga mais.

Jennifer Aniston na 3ª temporada de The Morning Show
Jennifer Aniston na 3ª temporada de The Morning Show

Jennifer Aniston (The Morning Show)
Mais uma vez, Jennifer Aniston deu show na pele da apresentadora e jornalista Alex Levy, seu trabalho mais apurado de toda a carreira. Sua personagem foi o ponto central das principais movimentações da terceira temporada de The Morning Show, drama que continua sendo um dos melhores da TV, batendo Successsion em indicações ao Critics Choice Awards de 2024.

Jennifer colaborou na criação da química com Jon Hamm, seu par romântico nessa fase da trama. A relação de Alex com o bilionário Paul Marks (Hamm) foi o motor de The Morning Show, que acertou em inserir Alex, uma mulher que passou poucas e boas nas mãos de muitos homens, aos pés de Marks, fazendo com que ela não enxergue a perspectiva mais ampla do que estava acontecendo: a perniciosa venda do conglomerado de mídia UBA para o figurão tipo Elon Musk.

John Krasinski em ação durante 4ª temporada de Jack Ryan
John Krasinski em ação durante 4ª temporada de Jack Ryan

John Krasinski (Jack Ryan)
Não tem jeito: se para muitos Jennifer Aniston será para sempre a Rachel de Friends, John Krasinski é o eterno Jim de The Office. Contudo, assim como a colega, Krasinski conseguiu se descolar do seu lendário personagem cômico, fazendo isso dando show em uma história dramática.

Na última temporada de Jack Ryan (Prime Video), Krasinski fechou com chave de ouro a sua jornada na pele do agente da CIA.

A transição comédia-drama não é fácil, ainda mais se o personagem famoso da sitcom for icônico e altamente popular. É preciso ter muito talento para superar o estigma de ser lembrado apenas por um único trabalho em toda a carreira. Mudar de estilo tão radicalmente deixa o desafio mais complicado.

O ator acabou se tornando um só com seu personagem de ação, capaz de no futuro próximo causar a estranheza inversa. Quem conhecê-lo primeiro por Jack Ryan vai estranhar vê-lo fazendo palhaçadas em The Office. Está aí a mostra simples de um ator versátil, com muito range, como dizem em Hollywood. 

Jonathan Bailey em cena de Companheiros de Viagem
Jonathan Bailey em cena de Companheiros de Viagem

Jonathan Bailey (Companheiros de Viagem)
Uma boa atuação é aquela que te faz esquecer de um trabalho mais famoso que determinado ator fez anteriormente. É o caso de Jonathan Bailey, que em Companheiros de Viagem (Paramount+) se transforma, sendo uma pessoa completamente diferente do lord Anthony, da sensação Bridgerton (Netflix). O oposto disso é verdadeiro: ator ruim parece que interpreta a si mesmo em qualquer produção de audiovisual, seja série ou filme.

Bailey é a alma de Companheiros de Viagem. Seu personagem, o idealista Tim Laughlin, acaba se envolvendo em um romance quente e intenso com o “galinha” Hawkins Fuller, vivido por Matt Bomer. Na cama eles se entendem, o problema é longe dela.

Católico, com desejo de ser padre inclusive, Tim não é nada político como Hawkins, que faz de tudo para esconder sua homossexualidade; embora na moita pega geral e faz de tudo. Esse contraste movimenta a série, e Bailey entrega uma performance perfeita, expondo as inseguranças e medos de Tim, que não se contenta com uma vida às escondidas, por mais que esteja nos EUA de meados do século 20, período no qual o governo e o FBI caçavam gays de forma aberta, com aval legal.

Rachel Brosnahan na 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel
Rachel Brosnahan na 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel

Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
A comédia The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video) encerrou sua trama com um dos melhores finais de séries de todos os tempos. A magnífica Rachel Brosnahan ganhou oportunidades de mostrar mais de Midge com várias cenas do futuro inseridas nos episódios derradeiros, seja madura no auge da fama de comediante ou curtindo a velhice.

Rachel concluiu Maisel praticamente sendo uma só com sua personagem. Disparando falas rápidas e exibindo trejeito singular, a humorista enfim conseguiu seu sonho, mas não sem antes enfrentar perrengues, como ser a única mulher na sala de roteiro do talk show mais popular da TV dos EUA. A série fez belo serviço com a protagonista, resultando em ótimas cenas e momentos perfeitos para a atriz mostrar que está bem acima da média.

Sarah Snook na 4ª temporada de Succession
Sarah Snook na 4ª temporada de Succession

Sarah Snook (Succession)
A atriz australiana Sarah Snook assumiu um papel de grande responsabilidade na quarta e última temporada de Succession, com sua Shiv no centro das atenções. Ela fez uma performance merecedora de Emmy, e vai brigar forte na categoria de melhor atriz de drama. Contudo, a concorrência é da pesada, com nomes tipo Melanie Lynskey (Yellowjackets), Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale) e Keri Russell (A Diplomata).

No contexto da narrativa do premiado drama da HBO, Shiv esteve em uma crescente até o final, quando foi sacrificada em troca de uma conclusão mais abrangente. Mesmo assim, a personagem roubou a cena em vários momentos, mais ainda quando achava estar se dando bem para logo depois quebrar a cara ao descobrir que lhe passaram a perna.


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