ANÁLISE

John Krasinski supera Jim de The Office e fecha Jack Ryan com chave de ouro

Ator prova que é versátil emplacando personagens marcantes em sitcom e drama
DIVULGAÇÃO/PRIME VIDEO
John Krasinski na 4ª temporada de Jack Ryan
John Krasinski na 4ª temporada de Jack Ryan

Quem diria que John Krasinski, outrora o fofo e brincalhão Jim na sitcom The Office, iria convencer na pele de um agente da CIA em produção televisiva de alto calibre como Jack Ryan? Pois bem, o ator de 43 anos fecha sua jornada na pele de Jack Ryan com chave de ouro, na última temporada do drama homônimo disponível no Prime Vídeo (os últimos dois episódios chegam na próxima sexta, 14).

A transição comédia-drama não é fácil, ainda mais se o personagem famoso da sitcom for icônico e altamente popular. É preciso ter muito talento para superar o estigma de ser lembrado apenas por um único trabalho em toda a carreira. Mudar de estilo tão radicalmente deixa o desafio mais complicado.

Há alguns exemplos que merecem ser citados. Jennifer Aniston, a eterna Rachel da comédia Friends, defende com absoluta maestria Alex Levy, apresentadora de telejornal matutino no drama The Morning Show (Apple TV+); indicada ao Emmy por ambas as séries, venceu estatueta pela comédia, em 2002.

Da própria The Office vem outro exemplo curioso. Steve Carell, o chefe sem noção Michael Scott, surpreendeu a todos com atuação densa e bastante dramática na minissérie O Paciente (Star+), interpretando um terapeuta. São grandes as chances de ele ser indicado ao Emmy de 2023 por esse trabalho.

John Krasinski em ação durante 4ª temporada de Jack Ryan
John Krasinski em ação durante 4ª temporada de Jack Ryan

A jornada de John Krasinski em Jack Ryan

A dupla Carlton Cuse (Lost) e Graham Roland, criadores da série Jack Ryan, optaram por uma escolha arriscada para o papel de protagonista. Ao invés de pegar alguém acostumado com drama ou ação, eles foram atrás de um ator de sitcom… 

Porém, havia razões por trás disso. Na raiz, o personagem Jack Ryan é burocrata padrão, analista que sentado em frente a um computador tem como ponto alto de sua função preencher planilhas. A ideia era pegar alguém com visual comum. Deu certo.

O público acompanhou a evolução de Jack Ryan, sem pressa. É a construção de um herói improvável, sem copiar aqueles das HQs dotados de superforça, supervelocidade, etc.

Esse Jack Ryan quadradão foi o alicerce, lá na primeira temporada. O jogo mudou ao perceber certas falhas em operações, decidindo intervir. Ele toma decisões fora da caixinha e faz movimentações tomando lugares de pessoas bem acima de seu salário. 

Aos poucos, a série colocou o herói Jack Ryan nas ruas. Daí entrou em cena a fórmula tiro, porrada e bomba. Krasinski foi inserido em cenas de ação e não fez feio. Não chega a ser um Rambo ou MacGyver, entretanto dá para o gasto devido às limitações do personagem.

E ele teve a oportunidade de encabeçar tramas clássicas da indústria de entretenimento americana. Já combateu radical islâmico, enfrentou a corrupção na Venezuela e duelou contra inimigos russos. O vilão da vez, na quarta e última temporada, vem de dentro da CIA.

Em tantos cenários diferentes, Krasinski fez de tudo um pouco, incluindo viver em fuga, sendo inimigo da CIA e de facção internacional ao mesmo tempo. Até romance engatou, relembrando um pouco do charme de Jim no escritório da Dunder Mifflin. Esse arco, cultivado na primeira leva e esquecido nas duas seguintes, voltou inteiro na temporada de despedida.

O ator acabou se tornando um só com seu personagem, capaz de no futuro próximo causar a estranheza inversa. Quem conhecê-lo primeiro por Jack Ryan vai estranhar vê-lo fazendo palhaçadas em The Office. Está aí a mostra simples de um ator versátil, com muito range, como dizem em Hollywood.


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