A elogiada autenticidade da série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão (Star+ e Disney+) passa muito pelo figurino, detalhista e historicamente preciso. O trabalho para atingir esse ponto foi bastante árduo e rigoroso, resultando em aproximadamente 2.300 roupas usadas em toda a atração, muito mais do que Bridgerton, drama de época da Netflix famoso por seu figurino rico e pomposo (foram 1.800 peças de vestuário na primeira temporada da narrativa britânica).
Em entrevista ao site Variety, Carlos Rosario, figurinista-chefe de Xógum, revelou como todo esse trabalho foi feito. Cada uma das roupas usadas pelos atores foi costurada do zero, fabricação praticamente artesanal. A preocupação maior foi com a veracidade, contudo, pois Hollywood durante muito tempo produziu filmes e séries históricos sobre o Japão apostando em vestimentas estereotipadas.
“Consultores estavam presentes no set diariamente assegurando que cada figurino fosse autêntico para cada cena”, contou Rosario. Ele teve de ralar para chegar no produto final apresentado na tela pelo fato de existirem poucas fontes primárias sobre como os japoneses se vestiam por volta de 1600, período no qual a trama se passa. O diretor pesquisou todo tipo de material possível, de sites a museus, contando também com análises de quadros e aplicando dicas de historiadores.
Carlos Rosario é figurinista no mundo do entretenimento desde 1997, responsável por trabalhos do nível de The Last Ship (série) e Millennium: A Garota na Teia de Aranha (filme). Ele contou que em Xógum foi a primeira vez que usou pinturas para montar o guarda-roupa de uma produção: “Estudamos padrões de pinturas, camadas, o significado desses padrões… e então reproduzimos alguns figurinos.”
Para capturar as essências de cada personagem visando a criação do figurino, o diretor teve o privilégio de ler todos os roteiros da série de antemão, para só depois desenhar as roupas e pensar em coisas como tecidos e tonalidade de cores, algo bastante importante para a narrativa. São aspectos que ajudam o telespectador a entender quem é quem na história, distinguindo um grupo de pessoas do outro.
O resultado de tamanha dedicação está claro em cada episódio do drama. Tal qual Bridgerton, o figurino em Xógum é parte intrínseca da narrativa, símbolo que ajuda a compreender a história ali contada.
Esse empenho foi “sem precedentes”, comentou Rosario, ressaltando a intensa e decisiva colaboração de consultores, especialistas e historiadores. “Nunca trabalhei em um projeto que fosse tão cuidadoso e colocasse tanta ênfase na atenção aos detalhes”, afirmou. “Tudo para garantir que fôssemos o mais preciso e autêntico possível.”
Xógum: A Gloriosa Saga do Japão está disponível no Star+ e Disney+, com novos episódios sempre às terças.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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