TERRA NOTURNA

Análise: frio e Jodie Foster colocam True Detective na briga por prêmios

Atriz dá o nome ao viver policial que é megazord das anti-heroínas
DIVULGAÇÃO/HBO
Jodie Foster em True Detective: Terra Noturna
Jodie Foster em True Detective: Terra Noturna

Embalada pela noite eterna, um frio de sentir de longe e atuação acachapante de Jodie Foster, a quarta temporada de True Detective fez história e está na briga pelos principais prêmios hollywoodianos, a começar com o Emmy de 2024; a janela de elegibilidade fecha em 31 de maio. Sustentada pelo olhar feminino, a atual leva da franquia policial, batizada de Terra Noturna, chega ao fim neste domingo (18), na HBO e HBO Max.

Nem a HBO esperava tanto sucesso. Após a exibição de quatro dos seis episódios, True Detective: Terra Noturna superou a média de audiência da badalada e premiada primeira temporada da série, lançada dez anos atrás e protagonizada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson.

Nos números do ibope americano que somam telespectadores de todas as plataformas (canal linear e streamings), Terra Noturna tem média de 12,7 milhões de telespectadores por episódio, contra 11,9 milhões da True Detective de 2014.

Jodie Foster tem o apoio de muita gente boa ao redor, contudo ela é a camisa 10 do time, que dita o ritmo e segura a bronca da trama. A atriz duas vezes vencedora do Oscar (por Acusados e O Silêncio dos Inocentes) fez jus à fama e deu o nome, praticamente cravando uma posição na corrida pela estatueta de melhor atriz de minissérie no Emmy deste ano.

Ela conseguiu dar muita veracidade à sua personagem problemática, a policial Liz Danvers, megazord das anti-heroínas. A chefe reúne tantas características de vilania que a pessoa pode até achar que ela seja o mal da história mesmo, por causa de suas atitudes falhas e bastante duvidosas, seja no trabalho ou no ambiente familiar. O truque da narrativa é que Liz não é tão ruim assim.

Outro fator de Terra Noturna que deve ganhar apreço da Academia de Televisão americana, a organizadora do Emmy, são questões técnicas que vão da direção à fotografia. O trabalho nessas áreas é de primeira grandeza, fazendo ótimo uso do ambiente no qual a história se passa: um lugar gélido que enfrenta uma noite sem fim, dias e dias inteiros no puro escuro, sem os raios de sol atravessando o céu.

Esse detalhe do frio intenso é uma força da quarta temporada de True Detective. A trama usa como pano de fundo o Estado do Alasca (EUA), mas as gravações foram na Islândia no período de inverno brabo, entre novembro de 2022 e abril de 2023. 

Jodie Foster, nas entrevistas promovendo a série, ressaltou o fato de tudo ter sido realizado em locação, no frio de verdade. Nesse aspecto, os atores não precisaram fingir: o frio que vemos eles passar era real, pois enfrentaram temperaturas que atingiram -23°C.

Assim, Terra Noturna conseguiu se descolar das outras três levas, sempre ambientadas em lugares quentes. A quarta temporada imprimiu uma identidade própria e bem distinta, o que a ajudou no caminho do sucesso.

O mérito deve ser dado a Issa López, cineasta mexicana que foi procurada por Francesca Orsi, chefe do departamento de drama da HBO, para elaborar uma nova série dentro da franquia True Detective. E Terra Noturna nasceu na base da diversidade e da perspectiva feminina: duas detetives lideram o caso, contrapondo às outras temporadas; só a segunda leva teve uma detetive destacada, mas nem tanto assim, vivida por Rachel McAdams.

No Emmy, a briga de True Detective: Terra Noturna promete ser interna. Para o próximo Oscar da TV, a HBO aposta em minisséries. Vem aí duas potências: O Regime (com Kate Winslet) e O Simpatizante (com Robert Downey Jr.). Vamos aguardar para ver qual atração vai levar a melhor.


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