ETERNA

19 temporadas e contando: como explicar a longevidade de Grey’s Anatomy?

Drama médico conclui mais uma leva de episódios nesta quinta-feira (18)
DIVULGAÇÃO/ABC
Anthony Hill (à esq.) com Kevin McKidd na 19ª temporada de Grey's Anatomy
Anthony Hill (à esq.) com Kevin McKidd na 19ª temporada de Grey's Anatomy

Chega ao fim, nesta quinta-feira (18), nos Estados Unidos, mais uma temporada de Grey’s Anatomy. Não perca as contas: é a 19ª. E não para por aí, pois a 20ª leva de episódios já foi encomendada. Existe grande possibilidade de o drama médico completar duas décadas no ar (foi lançado em 2005). O que explica tamanha longevidade?

O sentimento que brota após o fim de cada temporada ajuda a entender a razão do sucesso eterno de Grey’s Anatomy. Ressurge a sensação de vazio por ter de parar de acompanhar a vida daqueles personagens durante alguns meses (devido à greve de roteiristas, o retorno deve demorar mais do que o normal). É como se os personagens fossem amigos dos telespectadores, criando uma preocupação genuína sobre o que estão fazendo da vida.

Fulano casou ou está só enrolando? Aqueles dois finalmente vão ir além da amizade e oficializar o namoro? Sicrana conseguiu a promoção no trabalho? Como Beltrano está após receber diagnóstico de doença?

Sentimentos corriqueiros que cada pessoa tem com amigos próximos são espelhados em Grey’s. Há uma relação profunda e intensa entre o público e os personagens, sejam eles veteranos ou mais novos. O grande trunfo da série é a reinvenção, tirar da cartola boas histórias mesmo em momentos delicados, como visto na 19ª temporada.

O time de roteiristas e produtores bolaram uma boa sacada para tentar superar o maior obstáculo enfrentado por Grey’s em todos os tempos. A grande estrela da trama, Ellen Pompeo, anunciou que daria um tempo, afastando sua personagem icônica, Meredith Grey, da narrativa. Dois planos foram executados visando suprir a ausência gigantesca: resgatar atores do passado e apresentar uma nova classe de residentes.

A escolha de Kate Walsh, a memorável Addison Montgomery, foi cirúrgica (com perdão do trocadilho). Ela retornou com tudo, encabeçando um arco narrativo potente e necessário sobre o aborto, liderando episódios que cravaram lugares cativos no rol dos melhores momentos do drama médico. Jesse Williams, na pele de Jackson Avery, também voltou a bater cartão no hospital Grey Sloan Memorial.

Os novos estagiários de Grey's Anatomy
Os novos estagiários de Grey’s Anatomy

O time de residentes montado foi outro acerto. Os cinco novos personagens conseguiram, em pouco tempo, ganhar a tão desejada empatia dos telespectadores. Nesse quinteto tem casamento à vista, romance proibido, dinâmica é-namoro-ou-amizade, superação, revelação de doença silenciosa… Criou-se, então, fortes vínculos afetivos com o público, mantendo a roda de Grey’s Anatomy girando.

Existem outras séries tão longevas quanto Grey’s, como NCIS (20 temporadas) e Law & Order: SVU (24). Mas diferentemente desses dois dramas policiais, a atração médica é maratonada desde o início pelo fã novato, o que não ocorre, necessariamente, com outras atrações. Nos Estados Unidos, a série médica é uma das mais vistas no mundo dos streamings, quarta colocada no ranking top 10 de 2022, performance que comprova essa tese.

Ver Grey’s desde o primeiro episódio só alimenta ainda mais a conexão telespectador-personagens, cujo pulsar aumenta com o passar das temporadas. 

A pessoa acaba assistindo o drama médico, sem abandonar a história no meio do caminho, não por ser excelente e imperdível, mas para não deixar de saber o que personagem X ou Y está aprontando desta vez. É uma interação especial.


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