CONFLITO

Star+ tenta legitimar O Rei da TV, mas família de Silvio Santos detona a série

Para amenizar críticas negativas, o streaming da Disney caça elogios sobre o drama
DIVULGAÇÃO/STAR+
José Rubens Chachá em cena da série O Rei da TV
José Rubens Chachá em cena da série O Rei da TV

A série O Rei da TV (Star+) tem uma premissa nobre: contar a história de Silvio Santos, o maior comunicador da TV brasileira. Entretanto, por apresentar uma narrativa biográfica não autorizada, o potencial da produção cai. E, assim, cria-se um debate. De um lado, a família do patrão detona a série, chegando a rotulá-la de “porcaria”. Na outra ponta, o streaming da Disney tenta amenizar as críticas negativas promovendo elogios estrategicamente pinçados da imprensa.

Quem engrossou a lista de familiares de Silvio Santos descontentes com O Rei da TV foi Silvia Abravanel, a filha número 2 do proprietário do SBT. Em entrevista ao site Splash, do UOL, ela fez um extenso desabafo sobre a série, deixando sua opinião: “[Estão ali] coisas [infundadas] a respeito da minha mãe, do meu pai, a respeito da história como ela realmente foi, que não teve nada disso.”

“Eles tentaram ganhar mídia e fama por meio de coisas não verdadeiras, escândalos”, continuou Silvia. Para ela, a intenção dos produtores era fazer algo “satírico, grotesco, [só] para chamar a atenção do público.”

O posicionamento de Silvia ecoa outros tantos oriundos do clã. Na semana passada, também para o Splash, Cíntia Abravanel (filha número 1) soltou os cachorros. Ela carimbou a atração como “porcaria” e “merda”: “Eles foram desrespeitosos. Não é minha vida. Aquela pessoa não é meu pai.”

O Rei da TV foi lançada em outubro do ano passado. A segunda temporada chegou no Star+ em março, reacendendo a polêmica que vem desde a estreia. 

A proposta do drama é narrar a trajetória do empresário durante três fases da vida, da década de 1940 até os anos 1990. Pega-se aí o caminho percorrido por ele de um simples camelô até virar um nome lendário da TV brasileira.

A série não é oficial. Ou seja, não teve consulta de parentes ou do próprio Silvio Santos. Isso acaba sendo um ponto positivo da atração, registra-se: por não ser chapa-branca, tem liberdade para contar histórias “podres” de Silvio Santos que não iriam ao ar se passassem pelo crivo da família.

Logo após o lançamento, quem disparou críticas foi Daniela Beyruti, a filha número 3 do patrão. Ela escreveu no Instagram: “Assisti a um episódio e não vou assistir mais. Me perguntei: Quem produziu isso? Com que intuito? História mal contada, tantas inverdades e personagem arrogante. Um Silvio Santos que ninguém conhece nem conheceu. Lamentável.”

Até o próprio Silvio Santos palpitou, dizendo taxativamente que a série foi mal feita.

A estratégia do Star+

O Star+ tenta legitimar a série O Rei da TV usando elogios da imprensa como tática. São pinçados trechos de textos que falam bem da atração, claro. Análises negativas, como a do site NaTelinha (“série tosca, caricata e uma perda de tempo. Silvio Santos ganha uma biografia de qualidade duvidosa”) não ganham destaque.

Posts nas redes sociais são usados para rotular O Rei da TV como uma produção boa. Há três dias, uma publicação do Star+ no Instagram destacou review do site Terra, dizendo: “A série (…) se consolida como uma excelente opção de entretenimento, daquelas que vale a assinatura do streaming.”

Há uma semana, o Estadão foi usado como escada: “2ª temporada da série sobre Silvio Santos é um retrato da história da TV brasileira.”

Essas postagens fazem parte da estratégia do streaming de tentar equilibrar a percepção pública sobre O Rei da TV. As ações de defesa são válidas, mas não encobrem uma atração cheia de altos e baixos, com mais erros do que acertos.


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