Baseada no (incrível) livro homônimo, O Poder tinha potencial de ser uma grande atração televisiva. Tinha… A aguardada minissérie do Prime Video encabeça a lista das maiores decepções do ano. Frustrante e confusa, a adaptação não funcionou, com a narrativa trafegando em uma montanha-russa de altos e baixos; mais baixos do que altos.
A premissa de O Poder é ótima. Em uma reviravolta da natureza, sem aviso prévio, meninas adolescentes desenvolvem um novo órgão que gera eletricidade. O tal poder evolui de um formigamento nas clavículas das jovens para uma reversão completa do equilíbrio de forças do mundo. Os homens passam a se dar conta que não estão mais no controle de tudo.
Essa jornada de transformação no status quo da sociedade mundial engloba cinco linhas narrativas: duas nos Estados Unidos, uma na Inglaterra, outra na Nigéria e, por fim, na Moldávia. Eis o principal deslize da série.
Não é fácil juntar tantas histórias diferentes, com personagens tão distintas, em um único episódio. Game of Thrones fez isso muito bem, não à toa ganhou prêmios por causa do roteiro. Lembrando outra série popular, The Walking Dead só acertou nisso algumas vezes, tanto que, após alguns escorregões, abandonou a fórmula tudo-junto-e-misturado.
Quando o telespectador de O Poder começa a entender a trama de uma personagem e passa a criar empatia, a narrativa pula para outra linha, e depois para outra… É dada uma volta até retornar à primeira que iniciou o ciclo. Os cortes são brutais entre as jornadas, estragando a boa experiência da audiência.
Fora isso, O Poder é aquela atração que demora para pegar no tranco. E a introdução básica da trama demora três episódios para ser compreendida por completo. Ou seja, ao invés de seguir o padrão, ter o primeiro episódio (piloto) dedicado à apresentação, O Poder gasta três capítulos. É a brecha para o público desistir e investir o tempo em outra série.
Como O Poder poderia ser melhor?
Existem histórias boas em O Poder, com destaque para a liderada por Margot Cleary-Lopez, prefeita de Seattle interpretada pela sempre precisa Toni Collette; a filha da personagem é uma das adolescentes com o poder da eletricidade. Mas esse braço do enredo se perde no entrelaçamento.
A minissérie do Prime Video funcionaria bem melhor em outros formatos. A estrutura ideal seria dedicar um episódio inteiro para cada personagem. A compreensão das motivações das personagens seria melhor desenvolvida, facilitando a vida do espectador. Assim, depois de contar detalhadamente a história delas, aí sim nos episódios finais poderia ser feita a junção de tudo.
Outro caminho seria dividir cada episódio em cinco partes. Os blocos de 12 minutos e pouco, por exemplo, seriam concentrados em uma respectiva personagem, sem ficar cortando para outras linhas narrativas a todo instante. Séries como The Affair (HBO Max) e The Girlfriend Experience (Lionsgate+) realizaram essa tática muito bem.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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