Quem for assistir Pistol, minissérie visceral que estreia quarta-feira (31) no Star+, irá testemunhar algo raro. A trama com visual de videoclipe, sobre a origem e o estrelato do grupo de punk rock Sex Pistols, apresenta os atores principais tocando instrumentos de verdade, nada de encenação. Pela complexidade disso, a maioria das atrações situadas no mundo da música optam pelo chocho e seguro playback.
Embora tenha sido criada superando diversos problemas nos bastidores, Pistol pode ser considerado um drama biográfico sobre o Sex Pistols. A história usa como base os relatos de livro escrito por Steve Jones, guitarrista e um dos fundadores da banda. Tudo na produção foi pensado para replicar em cena o caos, brilhantismo e ousadia dos integrantes revolucionários, na conturbada Inglaterra dos anos 1970.
Por isso, ter os atores pegando nos instrumentos de verdade, tocando mesmo, foi um fator essencial da fórmula. Para tanto, eles passaram dois meses em um curso intensivo com Rick Smith e Karl Kyde, dupla conhecida como Underworld. Os atores cumpriram duas etapas: de manhã aprendiam o instrumento que tocariam na série; de noite era a vez dos ensaios como banda.
Atmosfera real dos shows em Pistol
O filtro usado nas imagens de Pistol, envelhecido e fosco, dá um ar especial para a minissérie. O figurino desaforado e rebelde também é especial. Para deixar a atração ainda mais diferentona, precisava ser criado um ambiente de show próximo ao que o Sex Pistols experimentou.
Fora um ou outro ator, integrante do elenco de apoio, todas as pessoas que fizeram parte da plateia dos shows exibidos na minissérie eram fãs de punk ou rock e que estavam ali como figurantes. A ordem foi se comportar como se fossem uma apresentação real do Sex Pistols, nas quais o público se comportava de forma peculiar: objetos jogados no palco, cusparadas aos montes, brigas e muito empurra-empurra.
Outro detalhe interessante dos shows é que muitos foram gravados em lugares apertados e escuros, sempre mirando a autenticidade. Os atores em cima do palco não sabiam onde as câmeras estavam. Então, eles se comportaram como se fossem rock stars mesmo, passando para a tela um realismo interessante.
Pistol merece muito ser vista, no Star+. Os motivos são vários. Quem é fã de música precisa assistir, ainda mais se tiver apreço pelo punk/rock. A narrativa de rebeldia, revolução e contracultura é bem executada e propícia. Além disso, toda a ambientação criada, pelo apuro técnico, resultou em uma série curiosa de se acompanhar.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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