Aquela frustração que você sente ao passar minutos a fio tentando achar qualquer coisa interessante para ver em algum streaming é bastante comum. Saiba que não está sozinho nessa inglória caça por conteúdo, que pode resultar até mesmo em crise de ansiedade por causa de tantas escolhas à disposição. Pesquisas mostram que essa busca infrutífera afeta muita gente.
Levantamento da Accenture, em conjunto com a Oxford Economics, mostra que 72% dos assinantes de streamings, nos Estados Unidos, estão cada vez mais frustrados quando tentam procurar uma atração para assistir. Mais de 25% dos entrevistados afirmam que passam mais de dez minutos até, finalmente, encontrarem algo de interessante.
Esse dado casa com uma pesquisa recente da Nielsen, o Ibope americano. Assinantes acima dos 18 anos de idade passam mais de 11 minutos caçando nos streamings. Em comparação com pesquisa similar feita em 2019, é um aumento de tempo em 50%; ressaltando que há quatro anos existia muito menos ofertas de plataformas no mercado.
Como que isso pode ser um problema? Essa frustração sentida na busca por conteúdo tende a levar o assinante a cancelar um serviço, mesmo que tenha muitas atrações no catálogo. Se não há algo de destaque que lhe agrade, o cliente tende a ter a impressão que não existe mesmo nada de bom ali. É aquela reação que muitos assinantes de TV paga, com “trocentos” canais a disposição, dizem ao zapear sem fim usando o controle remoto, chegando a conclusão de que “não tem nada de bom para assistir.”
Todas empresas donas streamings temem a palavra “churn”, usada para rotular a fuga de assinantes. Algumas pessoas até são clientes de três, quatro streamings. Mas, obviamente, um deles será cancelado se a tal frustração bater, se a conclusão for que aquela plataforma “não tem nada de bom para assistir.”
Como saída dessa sinuca de bico, as plataformas tentam chamar a atenção do assinante de tudo que é jeito, se baseando nos tais algoritmos. Isso vai das sugestões similares àquelas séries que você já viu, por exemplo, até agrupar atrações em coleções temáticas diversas.
Os streamings que prezam pela qualidade ao invés da quantidade creem que essa tática é a melhor. Dessa forma, dá para espalhar boas séries ao longo de um ano, evitando que uma pessoa assine o serviço apenas por um mês (ou dois) para ver só uma produção e cancelar o acesso logo em seguida.
A aposta na quantidade é a estratégia das cartinhas da Xuxa: jogar um monte de coisa para o ar e ver se alguma vai vingar. É o modelo Netflix. Essa investida, porém, resulta em muitos cancelamentos prematuros, gerando outro tipo de frustração e problema: pessoas que só passam a ver determinada série após confirmação da segunda temporada.
Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br