Duas vezes indicada ao Emmy de melhor drama, por cada uma de suas duas primeiras temporadas, a série Yellowjackets estreia na Netflix, na sexta-feira (15). É mais uma boa aquisição que a gigante do streaming fez em sua retomada ao mercado, disposta a comprar séries da concorrência, que coloca (quase) tudo à venda no precinho.
Yellowjackets é imperdível, considerada uma das melhores séries de 2021, ano de lançamento. O drama tem muito suspense, envolventes teorias das conspiração, elenco afiado e uma história bem destrinchada. É aquela típica série que vicia, perfeita para quem gosta de emendar um episódio no outro.
São duas linhas do tempo na narrativa, mas não há qualquer dificuldade em entender o básico do que se passa em cada uma. Em 1996, um time de futebol feminino escolar estava a caminho do torneio nacional dos EUA. Quando sobrevoavam uma floresta densa, o avião caiu.
Em 2021, as sobreviventes do acidente administram as respectivas vidas como podem, mas o passado está na cola. Afinal, algo aconteceu naquela floresta que as unem eternamente. Foram 19 meses no meio do nada antes do resgate chegar. Qual segredo elas guardam daquele período? Como escaparam com vida mesmo sem recursos e mantimentos?
O avanço do enredo beira à perfeição. O roteiro é bem conduzido, sem investidas aceleradas ou demora em pormenores. Cada episódio mostra reviravoltas relevantes no passado e no futuro das personagens, peças que ajudam o telespectador a decifrar os segredos.
A representação feminina é uma força de Yellowjackets, não só na tela como atrás das câmeras. A criação da narrativa foi de Ashley Lyle e Bart Nickerson, que contaram com uma sala de roteiristas majoritariamente formada por mulheres. A primeira temporada, por exemplo, teve cinco dos dez episódios com mulheres assinando o roteiro e a direção.
É óbvio, mas precisa ser dito. Ter mulheres nos bastidores, no desenvolvimento da trama, melhora a representatividade feminina no vídeo. Yellowjackets recebeu elogios por retratar com fidelidade os apuros que as adolescentes passaram no meio da floresta. Foram elaboradas cenas viscerais abordando de tudo, de menstruação a paqueras, passando pela projeção da vida adulta, religião e sexualidade.
As linhas do tempo se entrelaçam ao longo dos episódios. E o telespectador logo percebe a incrível semelhança entre as personagens adolescentes com as adultas, como se fosse a mesma atriz na interpretação (vide foto acima). Mérito aí vai pelo departamento de maquiagem e penteado, que caprichou no visual delas.
O elenco de Yellowjackets também é destaque. Quem acompanha séries sortidas vai notar rostos conhecidos, principalmente entre as adultas, como Christina Ricci (Pan Am), Juliette Lewis (Secrets and Lies), Melanie Lynskey (Two and a Half Men, The Last of Us), Lauren Ambrose (A Sete Palmos). No time das teens tem Jasmin Savoy Brown (The Leftovers) e Liv Hewson (Santa Clarita Diet).
A qualidade do conjunto das atrizes é acima da média. Não à toa, foram diversas indicações só para o elenco, tanto pela primeira quanto pela segunda temporada. Yellowjackets acabou vencendo o Artios Awards, premiação da Casting Society of America (CSA), associação de diretores e profissionais formadores de elenco. A vitória veio na categoria melhor elenco de série de drama pelo piloto (primeiro episódio) e primeira temporada.
Yellowjackets tem duas temporadas, com 19 episódios no total. A série não vai deixar o Paramount+, sendo lá o caminho para acompanhar os episódios inéditos. A terceira leva está confirmada.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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