CRÍTICA

Vamos combinar: não faz sentido assistir Manifest e esperar um final lógico

Como o drama sobrenatural e de ficção científica poderia entregar o que nunca teve?
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Luna Blaise com Ty Doran na 4ª temporada de Manifest
Luna Blaise com Ty Doran na 4ª temporada de Manifest

Após quatro temporadas, e um cancelamento revertido no meio do caminho, Manifest chegou ao ponto final com o lançamento dos últimos dez episódios, disponíveis na Netflix desde a última sexta-feira (2). Alguns espectadores que já cruzaram a linha de chegada não gostaram de como as coisas terminaram, reclamando da falta de lógica em algumas conclusões da narrativa. Problema: como querer lógica de uma série tipo Manifest?

Quem embarca (com o perdão do trocadilho) em Manifest precisa, no mínimo, estar ciente que a jornada vai ser biruta. O drama sobrenatural está isento de culpa, pois nunca enganou ninguém. Os absurdos da trama estão alicerçados na premissa da atração. Se o ponto de decolagem é mirabolante, imagina o que vem depois!

Afinal, a base da história é um avião que reaparece do nada após cinco anos e meio “perdido no ar”. Acrescente no caldeirão o fato de todos os passageiros do voo pisarem em terra firme sem ter envelhecido um dia sequer. Daí, eles vão tentar voltar à vida em sociedade após serem tratados como mortos ou desaparecidos.

Manifest nunca pisou no freio quando o assunto foi a própria mitologia. Acontecimentos bizarros e surreais se entrelaçaram com o passar dos episódios, tendo como maior exemplo os tais Chamados, quando um dos passageiros recebe uma visão (ou seria memória?) de algum acontecimento, perigoso ou não.

Segue uma onda de absurdos, pelo ponto de vista lógico, porém dentro da proposta do drama. Tem pedra preciosa que é “enxertada” no corpo de uma pessoa, projeções fantasmagóricas, visões do além, viagem no tempo, pragas retiradas da Bíblia, pessoa que entra no Chamado da outra… A sopa de teorias e soluções fantásticas é caprichada, perfeita para quem gosta de histórias desse tipo.

O primeiro episódio é emblemático. A pessoa que nunca curtiu séries assim já pulou fora ali, prevendo que a piração só iria aumentar em diante (e estava certo). Agora, quem seguiu acompanhando precisava entender que se tratava de um drama sobrenatural e de ficção científica, melhor aproveitado sendo visto com dedicação do que como jurado de escola de samba, sempre atrás de um erro para criticar.

No conjunto, Manifest não é realmente uma série primorosa, digna de Emmy. Entretanto, ela cumpre o papel que propôs há cinco anos. É possível sim criticar decisões tomadas na reta final, aquelas que definitivamente amarraram tramas. Mas não faz sentido cobrar lógica de Manifest, desejando algo que ela nunca foi capaz de oferecer. 

Quem embarcou na brincadeira e abraçou a trama como foi apresentada, percebeu que realmente tudo estava conectado


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