Face do movimento grevista orquestrado pelos atores de Hollywood por ser a atual presidente do sindicatos da classe (SAG), Fran Drescher viveu essa mesma situação há quase 30 anos, mas na ficção. Em episódio de 1994 da série The Nanny (HBO Max) chamado de A Greve, a personagem da atriz virou símbolo da luta de garçons contra patrões, se recusando a cruzar a linha de um piquete e gerando debate que chegou à TV.
A babá Fran Fine (Drescher) está toda empolgada por ter sido convidada pelo seu patrão, Max (Charles Shaughnessy), produtor de teatro na Broadway, para comparecer à festa de estreia de sua mais nova peça musical. Quando chegam no local do evento, eles são surpreendidos por uma manifestação de trabalhadores.
O piquete, organizado por um grupo de garçons, toma conta da porta de entrada do Hotel Whitney. Muitas pessoas furam o bloqueio, mas Fran Fine se recusa a ultrapassar a linha do piquete, sinal de que apoia a causa dos operários por melhores salários.
Ela vem de uma família de trabalhadores sindicalizados, então entende bem o que é lutar por direitos trabalhistas. Max, por sua vez, não quer saber disso, pois a solidariedade da babá está queimando a imagem dele logo no evento de lançamento de sua peça.
O patrão segura Fran Fine e tenta forçá-la a furar o piquete. Ela resiste, se apoiando em um dos manifestantes O momento foi registrado por fotógrafos e o caso ganhou grande repercussão na imprensa, com direito a manchete em jornal e debate em programa televisivo.
Toda essa atenção, aliada à defesa da babá a favor dos colegas grevistas, forçou o hotel a fazer um acordo com os garçons. Fran Fine ficou contente com o desfecho: “Isso me deixa feliz, porque eles dão um duro danado. E tudo de que precisavam era serem tratados com um pouco de dignidade.”
Discurso histórico de Fran Drescher
Claro que The Nanny, por ser uma sitcom, explorou a situação da greve de forma cômica e satírica. Mas não deixa de ser curioso que, após três décadas, a vida imitou a arte, com Fran Drescher sendo a líder dos atores de Hollywood em confronto com os patrões, os maiores estúdios da indústria de entretenimento americana.
A posição da personagem pró-grevistas fez parte, coincidentemente, do discurso inflado que Fran Drescher deu na última quinta-feira (13), quando ela decretou oficialmente a greve dos atores. A presidente do sindicato atacou os executivos que recebem salários descomunais, chegando a US$ 50 milhões. Enquanto isso, os atores ganham mixarias.
Na vida real, a eterna The Nanny exigiu pagamentos melhores aos atores sindicalizados. Ela disse diretamente aos patrões: “Compartilhe a riqueza e distribua a renda, porque [vocês] não existem sem nós [atores]”.
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