Nova atração do Prime Video, Jogo da Corrupção cometeu uma gafe inacreditável. No quinto episódio, a série confundiu a escola de samba favorita do bicheiro Castor de Andrade, interpretado por Eduardo Moscovis. O personagem disse: “minha Imperatriz Leopoldinense, a escola do meu coração”. A mancada inimaginável fica pior porque a própria comédia, em capítulos anteriores, acertou a escola de samba amada pelo folclórico cartola do futebol.
Sempre quando a série mostra cenas no que seria o QG de Castor de Andrade, ao fundo aparecem as bandeiras do Bangu Atlético Clube, time que fora presidido pelo bicheiro, e da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba que teve Castor como patrono, essa sim a do “coração” dele.
Em Jogo da Corrupção, Castor de Andrade é um personagem que anda lado a lado com João Havelange, na pele de Albano Jerónimo (perigosamente ao lado, registra-se). O bicheiro ajuda o dirigente brasileiro a chegar na presidência da Fifa, mão que só foi estendida na expectativa de receber algo em troca.
Castor fala pouco de escola de samba na narrativa da série. Como o foco é o futebol, o Bangu é citado com frequência nos diálogos. Daí quando chega a hora para falar da escola de samba, um deslize colossal acontece. Embora exista aquele papo de coirmãs, Mocidade e Imperatriz são rivais na Sapucaí, desfilando usando as mesmas cores: verde e branco.
Conheça Jogo da Corrupção
Disponível desde o último dia 4, o Jogo da Corrupção é a atração ideal para esquentar o clima da Copa do Mundo. Mas sem oba-oba utópico. Ali está retratado como a Fifa deixou de ser uma entidade burocrática e quadrada para virar um órgão multimilionário e controlador do principal esporte do mundo, uma verdadeira máquina de fazer (e roubar) dinheiro.
Jogo da Corrupção é a segunda temporada de El Presidente, série indicada ao Emmy Internacional que apresentou a podridão da organização futebolística na América do Sul, com eventos contados pelo ponto de vista de Sergio Jadue (Andrés Parra), dirigente chileno envolvido em tudo que é maracutaia deste lado do hemisfério.
Com uma narração impagável e absurdamente hilária, Sergio Jadue volta para a atual leva. Criou-se uma metalinguagem em que o streaming da Amazon contrata o cartola para narrar a como o brasileiro João Havelange entrou na Fifa e transformou o futebol de maneira definitiva.
Algumas cenas são tão chocantes que é inevitável questionar se foi daquele jeito mesmo que ocorreu, por ser coisas tão deslavadas. O narrador Jadue brinca com os tais exageros da trama: “Juro que não tenho tanta imaginação. Se aconteceu exatamente assim? Foi mais ou menos assim, mas aconteceu”.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br