OPINIÃO

Prime Video erra com série brasileira sobre jovem periférico médico de bandidos

Streaming da Amazon encomendou o drama Sutura, da Boutique Filmes
REPRODUÇÃO
Prime Video encomenda a série Sutura, da Boutique Filmes
Prime Video encomenda a série Sutura, da Boutique Filmes

O Prime Video erra feio e perde grande oportunidade ao encomendar mais uma série nacional com temática estereotipada. Segundo informações da coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, vem aí um drama médico brasileiro batizado de Sutura, sobre um jovem periférico que sonha em ser doutor. O que poderia ser uma trama positiva e refrescante desemboca na banalidade: o protagonista tem envolvimento com o crime.

Passa-se, assim, uma mensagem errada e desconexa da realidade, como se todo jovem oriundo da periferia de qualquer cidade grande tivesse ligação com o crime, direta ou indireta. Em prol da dramaticidade barata, é desperdiçada a chance de promover uma história de luta contra o sistema, de redenção e superação.

Por causa da ligação com uma organização criminosa, o personagem principal vai atender bandidos da tal facção, mesmo sem ter diploma de médico.

Por que o tal jovem protagonista, da periferia de São Paulo, não pode se tornar um médico de verdade seguindo o caminho legal? Qual a necessidade de inserir o crime na história? Qual a mensagem que o Prime Video quer passar ao público com essa série?

É sabido de todos que a medicina é uma ramo povoado por pessoas privilegiadas que vieram de lares abastados, em sua maioria. Isso pelo preço da faculdade. Quem ingressa na área gasta mais de meio milhão de reais só com mensalidades para concluir o curso, valor que quase automaticamente afasta jovens com condição financeira desfavorável.

Daí, seria o momento de o Prime Video mostrar que é possível furar essa bolha, apresentando uma jornada do herói estimulante, mostrando as adversidades que uma pessoa pobre encontra ao tentar realizar o sonho de ser médico. Ao invés disso, a aposta é na carta da trama criminal, explorada desde sempre na indústria do audiovisual brasileiro.

A produção é da Boutique Filmes, a mesma que fez séries como 3% (Netflix) e Rota 66 (Globoplay).


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