Por que 2 séries sobre o mesmo true crime foram produzidas simultaneamente?

Forte candidata ao Emmy de 2023, a minissérie Amor e Morte (HBO Max) estreou no mês passado contando a mesma história real de outra atração, chamada de Candy (Star+), lançada há um ano. Ambas as produções foram feitas simultaneamente, contando o notório caso da assassina do machado. Dá para colocar na conta da pura coincidência essa situação inusitada.

As duas minisséries americanas traçam os mesmos passos, acompanhando a dona de casa Candy Montgomery que, em 1980, matou a amiga e vizinha Betty Gore com 41 golpes de machado. Candy tinha um caso com o marido de Betty, Allan. Em Amor e Morte, o papel de Candy ficou com Elizabeth Olsen. Já em Candy, Jessica Biel encarnou a assassina.

Na première oficial de Amor e Morte, a diretora e produtora executiva do drama, Lesli Linka Glatter, comentou sobre a coincidência do mesmo true crime ser feito simultaneamente, quase como se houvessem duas realidades paralelas.

“Foi uma grande surpresa, porque estávamos há dois meses gravando Amor e Morte quando descobrimos que eles estavam contando a mesma história. Nós compramos os direitos de artigos e de um livro sobre o caso, por isso ficamos surpresos. Mas [o caso] é de domínio público, então não havia muita coisa que podíamos fazer.”

Ela tem razão, mas há um detalhe. Efetivamente, Candy nasceu primeiro. A plataforma Hulu, em parceria com os estúdios 20th Television e Universal Content, confirmou a produção da minissérie em dezembro de 2020. Amor e Morte, assinada pela Lionsgate Television, foi anunciada em maio de 2021.

Agora, de fato os trabalhos de gravação de Amor e Morte começaram antes (setembro de 2021) do que Candy (dezembro do mesmo ano).

Menos mal que o destino reservou funções diferentes para cada atração, por mais que seja a encenação do mesmo crime. Candy foca mais no caso propriamente dito, adentrando na investigação policial e no desenrolar jurídico, transitando entre várias linhas do tempo ao longo dos episódios. 

Por sua vez, Amor e Morte é linear, no modelo mais padrão, focada nos personagens. “Não é um mero drama sobre um true crime”, destacou Lesli, falando da série que dirigiu. “Estava mais interessada nas motivações [do crime] do que como aquilo aconteceu”.

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João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br