O ano de 2023 começou trazendo uma série espetacular que, correndo por fora, ameaça trinca de produções da HBO na disputa pelo Emmy de melhor drama, ao lado de Better Call Saul. Poker Face, narrativa policial cômica protagonizada por Natasha Lyonne, reinventa o gênero popular com um pacote notável de boas ideias. Tudo criação de Rian Johnson, roteirista duas vezes indicado ao Oscar pelos filmes Entre Facas e Segredos (roteiro original) e Glass Onion – Um Mistério Knives Out (roteiro adaptado).
Atração lançada em 26 de janeiro no streaming americano Peacock, do grupo NBCUniversal, Poker Face ainda não estreou no Brasil. A distribuição da série é feita pelo grupo Paramount. Ou seja, a chance é de ela chegar em território tupiniquim pela plataforma Paramount+.
Poker Face tem um visual único. Logo se percebe que ali na tela está um produto muito bem acabado, com aquele visual típico de cinema. A atmosfera criada em cada episódio é especial, isso por causa da direção de arte, apresentando cenários ricos em detalhes, do elenco recheado de nomes conhecidos do público (Adrien Brody, Lil Rel Howery, Simon Helberg, Chloë Sevigny, Judith Light…), e do roteiro inteligente e muito divertido.
Natasha Lyonne (Orange Is the New Black, Boneca Russa) é a protagonista da trama. Ela interpreta Charlie Cale, uma mulher com um dom imensurável: é capaz de perceber quando uma pessoa está mentindo ou falando a verdade.
O nome da série, Poker Face, vem de uma expressão da língua inglesa usada para classificar um rosto sem expressão, traço bastante útil em um jogo de pôquer, impedindo que os adversários descubram se você está com cartas ruins ou boas em mãos. Em uma adaptação livre, pode ser equivalente à bem brasileira “cara de paisagem.”
Justamente por causa do jogo de pôquer, pela possibilidade de ganhar muito dinheiro em uma mesa por saber se alguém está blefando ou não, Charlie se envolve em várias enrascadas, a levando a trabalhar em um casino como garçonete. Isso até surgir uma proposta de participar de um jogo de pôquer armado, esquema que resultou em mortes. Ameaçada, Charlie pega a estrada para fugir dos algozes.
Ela embarca em uma jornada percorrendo estradas norte-americanas. Em cada parada, com cenários diferentes um do outro, Charlie se envolve em situações nas quais o dom dela vem a calhar. Mas não para ganhar dinheiro ou se dar bem. Ela banca uma detetive e resolve assassinatos, colocando em prática o dom de detectar mentiras das pessoas.
Uma das forças de Poker Face é ver Charlie, uma personagem descolada e de personalidade única, resolver quebra-cabeças usando os métodos mais inusitados possíveis, sempre com sagacidade e com bom humor.
Poker Face contra a trinca da HBO
Melhor avaliada pela crítica do que The Last of Us, Poker Face se coloca como uma ameaça real ao trio de ferro que a HBO coloca na mesa para ganhar a categoria de melhor drama no Emmy deste ano. The Last of Us está forte no páreo, se aproximando cada vez mais de A Casa do Dragão, que por enquanto é a favorita.
No mês que vem, entra em cena Succession, com a quarta temporada. A série já ganhou duas estatuetas de melhor drama no Oscar da TV e está de olho em mais uma vitória.
Em uma competição na qual quem recebe mais votos leva o prêmio para casa, a HBO pode se complicar por ter três boas séries ao mesmo tempo na briga. Isso pelo risco de os votantes se dividirem entre as três atrações, abrindo brecha a uma outra série que, mesmo sem uma grande quantidade de votos, tem chance de surpreender correndo por fora.
Poker Face se apresenta hoje como uma grande ameaça às produções da HBO no Emmy, podendo de tabela frustrar os planos de Better Call Saul na última temporada do spin-off de Breaking Bad que ganhou o Critics Choice de melhor drama.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br