Opinião: episódio natalino de O Urso é um dos melhores de todos os tempos

A segunda temporada de O Urso chega no Star+, na quarta-feira (23), com um dos melhores episódios de séries de todos os tempos. Trata-se do sexto capítulo, intitulado de Fishes (Peixes), que é o especial natalino da comédia dramática. Até a duração é acima da média, tendo cerca de uma hora e cinco minutos de cena, o dobro do normal. O enredo espetacular vem carregado de muita emoção e densidade. As atuações são estupendas, os atores convidados são de cair o queixo e o apuro técnico é perfeito.

Fishes dá um tempo na trama central da segunda temporada de O Urso, sobre a abertura do novo restaurante de Carmy (Jeremy Allen White) e Sydney (Ayo Edebiri). O espectador viaja no tempo para cinco anos atrás, convidado a fazer parte do Natal na casa da família Berzatto, em Chicago (EUA).

Rostos conhecidos do público marcam presença. No caso de Carmy, ele está apenas de passagem, pois mora e trabalha em Copenhague (Dinamarca). Logo de cara, ele encontra os irmãos Mikey (Jon Bernthal) e Sugar (Abby Elliott). Batem cartão na ceia Neil Fak (Matty Matheson), Cicero (Oliver Platt) e Richie (Ebon Moss-Bachrach).

Esta é a hora de introduzir os convidados especiais do episódio natalino de O Urso, compondo (direta ou indiretamente) a família Berzatto. A escalação de elenco chocante foi proposital, pegando todo mundo de surpresa. É como quando você chega na ceia natalina da família e se depara com um monte de gente que nem é seu parente direito; ou talvez seja, mas você não vê tal pessoa há anos.

A começar com a lenda Jamie Lee Curtis (vencedora de Oscar), na pele de Donna, a problemática, emotiva e alcoólatra mãe de Carmy, Mikey e Sugar.

Sarah Paulson (vencedora de Emmy) interpreta Michelle Berzatto, prima. O comediante John Mulaney é Stevie, namorado de Michele. Gillian Jacobs (Community) vive Tiffany, então parceira de Richie. E Bob Odenkirk (de Breaking Bad e Better Call Saul) interpreta o “tio” Lee Lane, namorado vaivém de Donna e aliado de Cicero em alguns negócios.

Ao assistir a esse episódio, tenha em mente que foram necessários cinco dias de gravações para ficar completo, com trabalhos noturnos. E perceba que há alguns planos sequências (quando não há cortes de câmera entre cenas diferentes).

‘Esta família é muito unida…’

A execução de Fishes é genial. Poucos minutos bastam para o telespectador se ver na condição de convidado do banquete, graças ao trabalho de câmera afiado, transitando em meio de tantos personagens em uma locação externa, todos dentro de uma casa de verdade.

Quem assiste ao menos se identifica com uma discussão ou um barraco familiar sequer encenado nesse episódio. É filha em atrito com a mãe, desentendimentos entre irmãos, padrasto intrometido metido a valentão… E tudo acontecendo ao mesmo tempo. O nível de tensão aumenta se a pessoa do outro lado da tela passou por tudo isso na vida real.

Peço licença para compartilhar algo: eu só consegui ver esse episódio dividindo em duas partes. No meu caso, mais de uma hora de aflição seria demais. Então, vi os primeiros 30 minutos primeiro, parei para respirar, refletir… e terminei o restante no dia seguinte. Essa pode ser uma boa tática para não sentir o baque do episódio.

A sensação angustiante transmitida por Fishes é mérito de O Urso, que conseguiu passar justamente como seria estar naquela ceia de Natal caótica. Da direção à fotografia, do roteiro às atuações, o episódio natalino da comédia é uma produção sensacional, merecendo ser aplaudida de pé.

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