MEMÓRIA

O legado de Dra. Quinn, a Mulher Que Cura; relíquia da TV completa 30 anos

Drama ambientado no Velho Oeste foi sucesso internacional durante a década de 1990
IMAGENS: DIVULGAÇÃO/CBS
Jane Seymour em Dra. Quinn, a Mulher que Cura
Jane Seymour em Dra. Quinn, a Mulher que Cura

Verdadeira relíquia da TV, a revolucionária série Dra. Quinn, a Mulher Que Cura completa 30 anos neste domingo (1º). A atração desbravadora e seminal estreou com muita desconfiança no longínquo primeiro dia de 1993. Contudo, a resposta positiva do público foi imediata, compreendendo a força, necessidade e importância da trama, que na época foi sucesso internacional.

Durante o processo de desenvolvimento da história, os executivos da rede CBS não estavam nada satisfeitos. Ninguém botava muita fé no apelo de Dra. Quinn, narrativa sobre uma médica no Velho Oeste americano e protagonizada por uma atriz premiada que estava em má fase. 

Jane Seymour tinha na prateleira de casa um Globo de Ouro e um Emmy, mas não era um nome âncora forte naquele instante. Ela mesmo admitiu que só aceitou o papel porque estava desesperada para sair do desemprego.

Por pouco, a CBS não transformou os dois primeiros episódios de lançamento de Dra. Quinn em um telefilme, tamanho era o descontentamento. Além disso, a crítica massacrou a série nas primeiras impressões. No final das contas, foi decidido que o drama western iria ao ar, porém no pior horário de toda a grade de programação: sábado à noite.

Joe Lando com Jane Seymour em Dra. Quinn, a Mulher que Cura
Joe Lando com Jane Seymour em Dra. Quinn, a Mulher que Cura

Adversidades superadas

Algo surpreendente aconteceu com Dra. Quinn. A CBS lançou a série em uma sexta, em 1º de janeiro de 1993, com episódio duplo. A audiência foi impressionante, de 30 milhões de telespectadores (que quase é o triplo do que a líder de audiência atualmente registra). No dia seguinte, no horário que seria o padrão, foi ao ar o terceiro capítulo. O ibope foi maior ainda, de 34 milhões de pessoas.

Em retrospectiva, como os próprios atores e produtores reconhecem, o piloto acabou sendo um dos melhores primeiros episódios das séries de todos os tempos. Em um lance de rara felicidade, se desenrolou com muita precisão a narrativa que dali para frente seria encenada. O público comprou a ideia e não largou a série, que continuou sendo exibida aos sábados.

Ambientada a partir de 1867, Dra. Quinn apresentou uma trama que serviu, ao mesmo tempo, de registro histórico e de diálogo contra tabus enfrentados pela sociedade da década de 1990. 

Jane Seymour interpretou Michaela Quinn, uma médica que deixou a cidade grande, Boston, para morar no Velho Oeste, no Estado do Colorado. O detalhe é que ela só conseguiu o emprego de doutora em uma pequena cidade porque foi confundida com um homem. Quem a contratou, via telégrafo, pensou que se tratava de um Michael Quinn. 

Vale pontuar que no idioma inglês, o substantivo doutor (doctor) não tem flexão de gênero; o nome original da série é Dr. Quinn, diferentemente de como foi grafado no português.

Larry Sellers em Dra. Quinn, a Mulher que Cura
Larry Sellers em Dra. Quinn, a Mulher que Cura

O legado de Dra. Quinn

No povoado, Michaela não abaixou a cabeça ao bater de frente com vários preconceitos. Mulher de atitude e politizada, ela não se intimidou por sofrer desconfiança dos moradores locais, que torciam o nariz pelo fato de ela ser quem era… mulher e solteira.

Longe de ser panfletária, a série Dra. Quinn incorporou as principais características da protagonista, demonstrando atitude e levantando bandeiras sociais e políticas. Tudo isso funcionou com harmonia ao se conectar com os pontos seguros de tramas faroestes clássicas, alicerçadas em romances e no clima bucólico do lugar.

Dra. Quinn já falava da homossexualidade (lembrando que o enredo se passava nos anos 1800). Todo tipo de assunto delicado foi abordado, como o racismo. Isso foi feito em um episódio que até hoje é lembrado e usado como exemplo em escolas e universidades, por mostrar o modus operandi da organização racista Ku Klux Klan durante aquela época.

A série também tratou com cuidado especial a população indígena. Teve muitas histórias contadas sobre os povos originários americanos em Dra. Quinn. Uma delas foi trágica, mas necessária, um dos poucos registros no mundo do entretenimento do Massacre de Washita, acontecimento real que foi incorporado na trama; mulheres e crianças da tribo Cheyenne foram brutalmente assassinadas.

Dra. Quinn misturava cenas de ação e delicadas desse tipo com aventuras universais do ser humano, apostando também na generosidade e no coração puro das pessoas. Temas como ecologia, educação e religião também marcaram presença. A série teve como marco o fato de ter feito tudo isso no rancho da Paramount, localizado no sul da Califórnia. Nenhuma cena foi gravada em estúdio.

No mundo analógico, Dra. Quinn foi exibida em mais de 90 países durante o tempo em que esteve no ar, chegando a mais 60 com o passar dos anos. No Brasil, foi um sucesso no SBT, entrando no ar em várias faixas na programação, incluindo sábado. Chegou a ser transmitida todos os dias, no horário nobre das 20h30. 

Infelizmente, a série não está disponível no momento em nenhum lugar, TV paga ou streaming, no Brasil.

Veja uma chamada de Dra. Quinn, a Mulher que Cura, do SBT:


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