Os novos contratos trabalhistas firmados pelos estúdios de Hollywood com os sindicatos dos roteiristas (WGA), diretores (DGA) e atores (SAG) vão custar cerca de US$ 600 milhões (R$ 2,9 bilhões) por ano, segundo estimativa da Moody’s, agência provedora de ratings de crédito, pesquisas e análises de risco. O valor, como propagado pelos líderes sindicais, pode parecer muito, mas é mixaria para uma indústria que investe US$ 100 bilhões (R$ 491 bilhões) em conteúdo na chamada guerra dos streamings.
De acordo com a Moody’s, as empresas não vão repassar isso ao consumidor, muito menos diminuir a quantidade de atrações. A cirurgia será nas produções em si, abatendo custos onde for possível para ajeitar esse gasto extra necessário em prol dos trabalhadores que movimentam a máquina do entretenimento.
“É pouco provável que os estúdios reduzam o volume de produção de forma substancial visando acomodar custos mais elevados”, disse a Moody’s (via Deadline). “Em vez disso, acreditamos que eles buscarão cortar gastos que não prejudiquem filmes e séries ou afetem a qualidade da narrativa, o que será percebido pelo público.”
Traduzindo: atrações vão ter menos atores da alta prateleira hollywoodiana no elenco (um artista top já basta para chamar a atenção); gravar menos em locações (cenários ao ar livre ou em instalações reais) e apostar no trabalho em estúdio, usando e abusando do fundo verde (chroma-key); e cortar gastos na pós-produção, como em efeitos especiais.
“Acreditamos que existem oportunidades significativas para controlar os processos orçamentários, vistos os conhecidos excessos da indústria”, continua a análise da Moody’s. “Os executivos querem colocar isso em prática, considerando a pressão por causa das perdas coletivas [verba descendo pelo ralo] por causa dos streamings.”
Os conglomerados que formam a turma da legacy media vão procurar cada vez mais incentivos fiscais para economizar, aponta a agência.
Com o fim da chamada TV no Auge (Peak TV), o mercado de entretenimento, especificamente de streaming, vive um novo momento. A tensão impera. O foco mudou, visando o lucro ao invés de acumular assinantes.
Praticamente todo streaming oferece atualmente planos com anúncios (significa mais dinheiro em caixa), além de elevar o preço da assinatura. E os estúdios estão cada vez menos protetivos com seus respectivos conteúdos, topando licenciá-los para plataformas rivais.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br