PREPARAÇÃO

Marjorie Estiano dedicou 7 meses de estudo para viver Ângela Diniz em série

Atriz indicada ao Emmy lidera true crime nacional da HBO
DIVULGAÇÃO/HBO
Marjorie Estiano na série Ângela Diniz: O Crime da Praia dos Ossos
Marjorie Estiano na série Ângela Diniz: O Crime da Praia dos Ossos

Um dos maiores nomes da atuação brasileira da atualidade, Marjorie Estiano ganhou um papel de suma importância, o de interpretar Ângela Diniz na minissérie Ângela Diniz: O Crime da Praia dos Ossos, produção nacional da HBO composta de seis episódios e que já encerrou as gravações. A atriz dedicou sete meses de estudo para estar segura na pele da famosa socialite que, aos 32 anos, foi vítima de feminicídio, crime que parou o Brasil em 1976.

“Foi a personagem que passei mais tempo estudando”, revelou, em entrevista ao jornal O Globo. Indicada ao Emmy Internacional por Sob Pressão (2017-2022), Marjorie contou que “foram sete meses de um processo inesgotável de investigação para a construção e reconstrução de um pensamento, comportamento e seus reflexos físicos também.”

A atração tem como base o podcast Praia dos Ossos, que reconstituiu o assassinato da socialite. O roteiro ficou por conta de Elena Soárez (O Mecanismo, Treze Dias Longe do Sol), com direção de Andrucha Waddington (Amor e Sorte, Sob Pressão).

Em plena Segunda Onda do movimento feminista, um crime bárbaro abalou a sociedade brasileira. A socialite Ângela Diniz foi morta a tiros pelo seu marido, o empresário Raul “Doca” Fernandes (vivido na minissérie por Emílio Dantas). Primeiramente, ele foi condenado a dois anos de cadeia, porém cumpriu a pena em liberdade. A justificativa do assassino foi ter “matado por amor”, defesa que logicamente causou muita polêmica. Em outro julgamento, Doca recebeu uma sentença de 15 anos atrás das grades. Ele morreu aos 86 anos após sofrer uma parada cardíaca, em 2020.

Segundo Marjorie, “a história da Ângela jamais dará conta de representar todas as mulheres e contextos, mas tem algo que serve a todas nós. Toda mulher tem uma Ângela Diniz em si, cabe a individualidade de cada uma decidir como vivê-la.”

Ela comentou que esse trabalho “foi a construção mais reveladora e libertadora que já fiz”, acrescentando que:

“Compor uma mulher autoconfiante, vaidosa, que se sente bem com seu corpo, sua pele, que goza, que levanta diariamente a bandeira de se dar prazer na vida, ser honesta consigo mesma, com o que fala e pensa, livre e entregue, foi específico e único. Não é comum, não é dado às personagens femininas o prazer.”

O crime que vitimou Ângela Diniz foi assunto em todo o Brasil e culminou em protestos históricos de militantes feministas, sob o lema “quem ama não mata”.

Ângela não foi assassinada porque era uma mulher sedutora e por isso enlouquecia os homens”, disse Marjorie. “Mas porque não se submetia a eles, porque destituía esse pseudo poder que o homem acreditava ter, por direito, sobre ela.”

Tanta dedicação se mostrou necessária para a minissérie transmitir uma mensagem correta. “Era importante que não corresse o risco de objetificar”, salientou a protagonista. “A visão idealizada e objetificada não poderia ser desserviço maior à narrativa, porque essa foi justamente criada através do olhar do homem e para usufruto dele mesmo.” 

“É mais uma manifestação do papel que é atribuído à mulher. Ângela é, principalmente, um jeito de se colocar no mundo.”

Ângela Diniz: O Crime da Praia dos Ossos retrata a jornada de libertação de Ângela, uma mulher que durante os anos 1970 ousou viver como queria, desde o momento em que declara o desejo de se separar do seu primeiro marido até ser assassinada com quatro tiros pelo seu último companheiro que, assim como o primeiro, não aceitou sua decisão. Nessa jornada de embates, Ângela pagou com a própria vida pelo direito de tentar viver do seu jeito.

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