Um dos melhores dramas jurídicos do século 21, How to Get Away with Murder (2014-2020) completa dez anos nesta quarta-feira (25). A série fez história e gerou um impacto imenso ao colocar no centro da história uma mulher preta, madura e imperfeita. A advogada e professora de direito penal Annalise Keating quebrou barreiras por causa da interpretação deslumbrante de Viola Davis.
O que é comum hoje não era uma década atrás: ver grandes nomes do teatro e do cinema protagonizando séries. Viola Davis liderou esse movimento de mudança, fazendo com que a TV ganhasse prestígio artístico de atores e atrizes de peso. Na época, tinha 49 anos, 30 de carreira.
Ela entrou na pele de Annalise Keating após acumular vasta experiência em filmes e principalmente em peças teatrais, ganhadora de dois prêmios Tony, a maior honraria do teatro americano (conquistas de 2011 e 2010). Além disso, vinha de uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, pelo longa Dúvida, de 2008.
E não demorou muito para estabelecer um recorde no Emmy, o Oscar da TV. Em 2015, ela se tornou a primeira mulher preta a vencer a categoria de melhor atriz protagonista de drama, prêmio dado pela atuação no sexto episódio da primeira temporada; isso em 61 anos de disputas nessa categoria. Viola foi indicada outras três vezes (2016, 17 e 19).
A trama de How to Get Away with Murder
Basicamente, How to Get Away with Murder apresenta a professora e advogada Annalise Keating liderando casos espinhos de assassinato. De sua classe na (fictícia) Universidade de Middleton, ela seleciona seus melhores alunos, que se destacam em argumentos teóricos, para trabalhar com ela na solução de crimes reais, em um escritório particular na Filadélfia (EUA).
Middleton tem como referência a Universidade da Pensilvânia, localizada na Filadélfia, uma das melhores escolas de direito nos Estados Unidos.
A partir desse ponto, a trama toma rumos sombrios, pois os estagiários, e a própria Annalise, veem suas vidas desmoronarem à medida que tentam esconder segredos e driblar a Justiça.
O forte da série é apresentar os casos como um quebra-cabeça. As narrativas apresentam peças soltas que precisam ser encaixadas para a solução vir à tona. E tudo isso com muitas reviravoltas, flashbacks (cenas do passado) e flashforwards (cenas do futuro), enquanto Annalise e seus alunos lutam para sair ilesos de várias investigações tensas e delicadas.
Temas importantes foram abordados pelo drama jurídico, como corrupção política, traição, vingança, ética jurídica, reforma penal e judicial, racismo sistêmico, brutalidade policial, cuidado com a saúde mental, encarceramento em massa, entre outros. Teve um personagem com HIV positivo de grande destaque, algo raro de ser visto tanto antes quanto depois de How to Get Away With Murder.
A série ficou marcada pela forte representatividade do elenco, refletindo assim histórias diversas de pessoas não brancas e da comunidade LGBTQIA+, inclusão pegando todas as classes socioeconômicas.
Annalise foi a anti-heroína que destruiu estereótipos da mulher preta tradicionalmente representada no mundo das séries. A própria Viola sempre fez questão de enfatizar isso, ressaltando que sua personagem era vulnerável, desordenada e sexualmente ativa.
Tropeço na tradução
O Brasil dá show nas adaptações de títulos de séries em inglês (Um Maluco no Pedaço e As Visões da Raven são dois exemplos). Mas como toda regra tem exceção… O caso de How to Get Away with Murder não foi o dos melhores, gerando mais do que um nome em nosso idioma, sendo que nenhum com o poder de sintetizar precisamente o que é a série.
O drama jurídico foi exibido em primeira mão pelo canal pago Sony (depois migrou para o AXN, do mesmo grupo). Por lá, foi chamado de How to Get Away with Murder mesmo. Em português, o significado do título é: como sair impune de um assassinato ou como se livrar de um assassinato. É essa a ideia da narrativa.
Quando passou a ser exibida pela Globo, nas madrugadas, a atração foi batizada de Lições de um Crime, o que foi uma escolha péssima.
Já na Netflix, a série recebeu o título de Como Defender um Assassino, longe do ideal, porém é a menos ruim das opções existentes. Hoje, é por lá que a atração pode ser vista; são seis temporadas. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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