A paz laboral em Hollywood tem data para acabar. Após resolver imbróglios trabalhistas com os atores e roteiristas, os estúdios e as produtoras da indústria de entretenimento americana vão precisar lidar com a ameaça de greve do Iatse (Aliança Internacional de Funcionários de Palcos Teatrais), sindicato que representa os operários de Hollywood, tipo figurinistas, maquiadores, carpinteiros, contrarregras, operadores de câmera, etc.
O atual contrato, firmado em 2021, chega ao fim em 31 de julho. A diretoria do Iatse já arregaçou as mangas e promete lutar até o fim por um novo acordo que seja benéfico aos filiados do sindicato. Em jogo não estão questões como residuais e inteligência artificial, tópicos que nortearam as negociações com os atores e roteiristas. Aqui, a prioridade é o convencional reajuste salarial, visando pagamentos que condizem com o cenário econômico vigente.
Em 2023, durante seis meses, Hollywood ficou parada. Atores e roteiristas cruzaram os braços, o que fez com que quase toda produção de entretenimento nos EUA fosse suspensa. Isso afetou diretamente milhares de profissionais atuantes atrás das câmeras, que por consequência também ficaram sem o ganha-pão. Muitos deles passaram um ano inteiro sem trabalho.
A busca por um reajuste financeiro visando a recuperação desse baque nas contas pessoais promete ser um tema no topo da lista das demandas do Iatse. Inclui-se junto a isso questões tradicionais nas negociações entre funcionários e patrões, como melhorias nas condições de trabalho durante o expediente.
E o sindicato está prontíssimo para a batalha. É o que indica a nota oficial da entidade acerca da possível greve:
“Lutaremos agressivamente à mesa [de negociações] para conseguir um contrato que reflita as prioridades dos nossos integrantes e as suas contribuições inestimáveis para o sucesso da indústria do entretenimento”
Lindsay Dougherty, secretária de uma divisão local do sindicato, completou: “Exigiremos coisas que acreditamos que os filiados merecem pelo trabalho que realizam. “Temos que consertar essas coisas. Nossos filiados fazem Hollywood funcionar.”
Em 130 anos, nunca o Iatse decretou uma greve nacional, de ponta a ponta nos EUA. Tiveram ocasiões de paralisações pontuais e regionais. Isso quase mudou há três anos, quando os filiados do sindicato aprovaram uma paralisação geral. A greve foi evitada em cima do laço por causa de um contrato tido como justo oferecido pelos estúdios e pelas produtoras hollywoodianas.
Durante a campanha em favor da greve, em 2021, o Iatse abriu espaço, no Instagram, para que os operários atrás das câmeras compartilhassem as respectivas rotinas, contando os perrengues que passavam. Muitos não tinham tempo para almoço/janta, trabalhando em expedientes acima de 14 horas e sem pausa para sequer ir ao banheiro.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br