Na última quarta-feira (17), saiu a lista dos indicados ao Emmy de 2024 e a série The Chosen não foi lembrada. O drama sobre a vida e ministério de Jesus Cristo (Jonathan Roumie) começou pequeno e humilde, mas a cada temporada cresce em qualidade e já faz por merecer um espaço na maior premiação da TV, principalmente pela quarta temporada, que estava elegível para a cerimônia de 2024.
Aspectos técnicos de produção atingiram um nível digno de Emmy. Afinal, é o interior dos Estados Unidos transformado na Israel de mais de dois mil anos atrás. Boa parte das cenas é gravada em dois grandes estúdios, além de um vilarejo bíblico autêntico (com direito a um lago, representando o Mar da Galileia), para gravar cenas internas e externas. Esses sets custaram US$ 50 milhões (R$ 278 milhões) e ocupam 485 hectares no Texas.
Nesse complexo, The Chosen tem capacidade de recriar cerca de 80 sets diferentes, representando múltiplas cidades e localidades retratadas nos Evangelhos. Tamanha diversidade se percebe na tela, com um trabalho caprichado que vai da fotografia à decoração, passando pela direção e edição.
Então, quando o Oscar da TV vai dar uma chance para The Chosen? Conforme a história se aproxima do fim, quando o tom dramático aumenta, o drama religioso ganha em qualidade. Há uma grande expectativa acerca da crucificação de Jesus. O dia inteiro desse fato irá tomar conta de toda a sexta temporada (oito episódios). E é nesse ponto que pode vir a tão aguardada indicação ao Emmy.
Criador e showrunner de The Chosen, Dallas Jenkins promete algo que “nunca foi gravado antes”, ao falar da crucificação de Jesus. “Eu tenho tempo e ferramentas para fazer uma crucificação única, algo que outros cineastas nunca tiveram”, afirmou.
Antes disso, a quinta temporada vai ser especial, sobre a Semana Santa, período no qual ocorreram vários eventos impactantes durante os últimos dias de Jesus na Terra. Jenkins também assegura que vão ao ar coisas inéditas, realçando os acontecimentos no jardim do Getsêmani, quando Cristo foi traído e preso. “Ninguém nunca viu nada parecido sobre o que planejamos para essa sequência.”
A Semana Santa conta ainda com Jesus expulsando os mercadores do templo, debates com líderes religiosos, nos quais Ele ensina acerca da ressurreição, dá profecia sobre a própria morte, fala dos sinais do fim dos tempos e mais. Sem esquecer da instituição da Santa Ceia.
The Chosen tem chance real de aparecer no Emmy nos prêmios técnicos. Mas não deveria ser descartada uma disputa entre os melhores roteiros, por exemplo, brigando por espaço com as superproduções da HBO, Netflix, Apple TV+ e outras. O drama religioso tem roteiristas de ponta, assim como uma equipe dedicada a adaptar o livro mais vendido e conhecido de toda a história da humanidade: a Bíblia.
O trunfo da série é humanizar personagens que conhecemos apenas pelos versículos do Livro Sagrado. Os episódios mostram eles chorando, sorrindo, sentindo raiva, frustrados… e isso os aproximam do espectador e criam um vínculo forte, algo que não é fácil de se fazer, ainda mais se tratando de personagens famosos. A classe dos roteiristas hollywoodianos tem de reconhecer isso.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
