Na carona da Saga Crepúsculo, e de outras tantas atrações vampirescas da virada dos anos 2000, True Blood surgiu na moita e simplesmente espantou a zica da HBO, que na época empilhava séries abaixo da média. Lançado em 2008, o drama fantasioso pegou uma trilha diferente do DNA do canal premium, narrando uma história menos artística e conceitual do que os hits anteriores da grife HBO. Mesmo assim, apresentou uma moral válida, desenrolando uma boa trama para não ser mais do mesmo.
Quando True Blood pegou no tranco para valer, da segunda temporada em diante, os números alcançados, sejam de audiência ou de vendas de DVD’s, eram apenas inferiores aos de The Sopranos, então a maior produção da HBO. Não demorou para a série sobre vampiros conquistar a cultura pop.
É curioso olhar para trás e ver como, de fato, True Blood era diferente das séries “irmãs” da HBO. Alan Ball, o criador da história, gostava de falar que a atração era típica da “popcorn television”, aquela para você ver comendo uma pipoca sem precisar prestar muita atenção, somente um passatempo despretensioso. Esse foi o termo, aliás, que ele usou ao vender a série aos executivos da HBO.
Um fator determinante que ajudou True Blood a emplacar foi agradar ao público masculino e feminino simultaneamente. As mulheres eram fisgadas pela história e por causa dos romances. Já os homens gostavam mesmo da violência e do sexo.
Trama e moral de True Blood
O caminho percorrido por True Blood, fugindo do destino de ser só uma atração sobre vampiros, foi bastante rico em ideias, debates e conceitos.
A largada da narrativa se dá com Sookie Stackhouse (Anna Paquin), garçonete com poder de telepatia que vive na cidade rural fictícia de Bon Temps, Louisiana (EUA). Nesse universo, um produto sintético, batizado de Tru Blood, permite que vampiros saiam dos caixões, passando a viver com humanos e marcando presença.
Logo eclode uma luta dos vampiros por direitos iguais. Ao mesmo tempo, organizações antivampiros começam a ganhar poder.
O mundo de Sookie vira de cabeça para baixo quando ela se apaixona pelo vampiro Bill Compton (Stephen Moyer), de 174 anos. Pela primeira vez, ela navega pelas provações e terrores da intimidade e dos relacionamentos.
Com a possibilidade de conviver entre os humanos, sem a tão famosa sede de sangue por causa do produto Tru Blood, os vampiros estão por aí. Porém, essa porta aberta os divide em dois campos: aqueles que desejam, inteiramente, serem pessoas participantes da sociedade (os mainstream) e os que pensam que a coexistência entre humanos e vampiros é impossível,
Os mainstream fazem até campanhas em prol da cidadania e de direitos iguais. Na outra ponta, os vampiros contra a integração batem na tecla reforçando que eles têm natureza inerentemente predatória e violenta.
Essa mesma separação ocorre entre os não vampiros, pois alguns acreditam que eles devem ser aceitos e ter direitos concedidos, enquanto outros os veem como monstros a serem aniquilados.
Como dá para perceber, True Blood explora com qualidade uma dinâmica não muito diferente da que vemos na realidade, quando lados opostos criam atritos se baseando em argumentos raivosos, isso quando não estão brigando entre si. A diferença da série é que tem vampiros na equação.
True Blood aborda diversas questões contemporâneas, como a luta pela igualdade de direitos, a discriminação e a violência contra minorias e homossexuais, os problemas do vício em drogas, o poder da fé e da religião, o controle e influência da mídia, a busca pela identidade, a importância da família… Realmente, não é só mais uma história de vampiros.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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